O prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, cardeal Marcello Semeraro, presidiu na manhã desta segunda-feira, 8 de setembro, na Basílica de São Pedro, a missa de ação de graças pela canonização do jovem italiano que, como destacou o Papa na homilia deste domingo (07/09), em pequenos gestos exercia a santidade da porta ao lado.
Rosario Capomasi – Vatican News
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No dia em que se celebra a Natividade da Virgem Maria, que fez da humildade o seu traço característico, é justo olhar para São Carlo Acutis, que fundou todo o seu percurso espiritual e humano precisamente na humildade. Foi o que disse o cardeal Marcello Semeraro, prefeito do Dicastério para as Causas dos Santos, na missa de ação de graças pela canonização do jovem, presidida nesta segunda-feira, 8 de setembro, na Basílica de São Pedro.
Carlo e a devoção a Maria
Os testemunhos no processo canônico para sua beatificação e canonização, observou o cardeal na homilia, “nos dizem unanimemente que essa virtude foi a sua ‘coisa mais bela’ e que ele a praticou dando o exemplo aos seus companheiros. E foi justamente essa humildade que o levou a ampliar seu olhar sobre a pobreza e as necessidades dos mais fracos e necessitados”. E tudo isso, acrescentou Semeraro, em virtude da “devoção mariana, que tinha na oração do Santo Rosário sua manifestação qualificada: era o seu encontro diário com Aquela que ele chamava de ‘a única mulher da sua vida’”.
O próprio desejo de visitar os santuários marianos, como o de Pompeia, que também por razões familiares era o seu preferido, “podemos entendê-lo como o desejo de encontrar a pessoa amada. Por ela, que ‘guardava tudo em seu coração’ (Lc 2, 19), Carlo sentia-se encorajado a buscar o silêncio interior, necessário para ouvir a voz de Deus. Por isso, ele renovou várias vezes o ato de consagração ao Imaculado Coração de Maria”, observou o prefeito.
Maria, luz da aurora
Continuando a reflexão, o cardeal aprofundou o significado da festa litúrgica desta segunda-feira (08/09), recordando como São Paulo VI havia enfatizado o “momento único e incomparável” representado pelo nascimento da Mãe de Deus; um evento não apenas “alegre, como é, em toda família, o nascimento de uma nova criatura — precisou ele —, mas também algo irrepetível na história humana, porque diretamente ligado ao mistério da Encarnação”. Celebrar, portanto, o nascimento de Maria é acolher o desígnio de Deus que age na história, “com delicadeza e paciência, partindo de pequenos eventos para realizar uma obra universal”.
Certamente não é “um evento repentino e improvisado — repetiu o celebrante —, mas a etapa final de uma longa preparação para a encarnação do eterno Filho de Deus. É como uma primeira luz da aurora”. A aurora entendida como “esperança”, uma virtude da qual, “como nos lembrou o Papa Francisco na Bula de Proclamação deste ano jubilar, Maria é a maior testemunha”. Daí a conexão feita por Semeraro com o pensamento de São Bernardo, que profundamente devoto à Virgem, “gostava de repetir que a aurora simboliza a humildade: assim como, de fato, na sucessão das horas, ela afasta as trevas e anuncia a luz, assim também a humildade estabelece as bases para a vida espiritual. Sem humildade, nenhum verdadeiro caminho de fé pode começar, nem se pode crescer espiritualmente”. Na essência, sem humildade não há santidade.
Carlo no céu da Igreja
São Carlo Acutis agora brilha no céu como uma estrela que guia o caminho do navegante, lembrou sugestivamente o celebrante. “Os santos são também isso para nós: junto com Maria, a ‘estrela do mar’, nos ajudam a prosseguir na navegação da vida sempre orientados para Cristo. Olhando para as constelações que brilham no céu da Igreja, hoje vemos” também este novo santo da Igreja que exorta todos os fiéis a seguirem seu testemunho, “para saborear a vida até o fim e ir ao encontro do Senhor na festa do Céu”.