Presidente da CPI do INSS vai recorrer da decisão do STF para ouvir ‘Careca do INSS’
O presidente da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS que investiga descontos ilegais em aposentadorias, Carlos Viana (Podemos-MG), afirmou que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ouvir Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, no colegiado.
ATUALIZAÇÃO: Após a publicação dessa reportagem, o presidente da CPI e a defesa de Antunes afirmaram que o “Careca do INSS” irá ao Congresso para ser ouvido na segunda-feira (15). Esta reportagem foi atualizada às 12h40. LEIA MAIS AQUI
Segundo Carlos Viana, o ministro André Mendonça, do STF, decidiu que o homem – preso pela Polícia Federal – escolha se comparece ou não à oitiva da CPI, assim como Maurício Camisotti, outro empresário preso na mesma operação.
“Careca do INSS” é considerado pelos investigadores um dos articuladores do esquema que desviou bilhões de reais do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS).
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Reprodução/TV Globo
“É fundamental que eles compareçam para que possamos esclarecer, com mais rapidez, tudo o que aconteceu. Respeito a decisão do ministro, mas considero injustificável permitir que não venham depor […] Esperamos que a Corte determine a obrigatoriedade da presença dos investigados na CPMI”, afirmou Carlos Viana.
👉🏼 A CPMI tem uma reunião marcada para ouvir “Careca do INSS” na segunda-feira (15) Antônio Carlos Camilo Antunes. A defesa afirmou à GloboNews que Antônio Carlos Camilo Antunes não comparecerá.
Os advogados de Camisotti afirmaram que não está definido se o empresário ira à CPMI na quinta-feira (18), quando a CPMI pretende ouvi-lo.
Na sexta-feira (12), Antunes e o empresário Maurício Camisotti foram presos pela Polícia Federal por suspeita de envolvimento nas fraudes do INSS. Eles passaram por audiência de custódia e continuam detidos.
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Investigação da CPMI
Caso compareça ao depoimento, o empresário será ouvido na condição de investigado e não terá obrigação de responder a todas as perguntas feitas pelos parlamentares, caso entenda que isso poderá incriminá-lo. Foram 14 pedidos de convocação para ouvi-lo.
Após a operação, a comissão enviou um pedido para o relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro André Mendonça, para que Antunes fosse liberado para participar da oitiva na CPI, que foi acatado.
➡️ Uma investigação da PF revelou um amplo esquema de fraudes e desvios de dinheiro de aposentadorias e pensões do INSS. Antunes é o lobista apontado pela PF como “facilitador” do caso.
👉 A PF afirma que associações e entidades que oferecem serviços a aposentados cadastravam pessoas sem autorização, com assinaturas falsas, para descontar mensalidades dos benefícios pagos pelo INSS.
Segundo as investigações, Antunes transferiu R$ 9,3 milhões para pessoas relacionadas a servidores do INSS entre 2023 e 2024.
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Por telefone, a defesa de Antunes afirmou à TV Globo que vai buscar a liberdade do seu cliente.
Já Camisotti, que foi preso em São Paulo, é apontado pelos investigadores como sócio oculto de uma entidade e beneficiário das fraudes na Previdência.
A defesa do empresário disse não haver “qualquer motivo que justifique sua prisão no âmbito da operação relacionada à investigação de fraudes no INSS”.
Quebra de sigilos
Na quinta-feira (11), a CPMI aprovou a quebra dos sigilos bancários, fiscal e telefônica de Antunes.
Além disso, os parlamentares – todos da oposição – ainda aprovaram pedidos para que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) envie relatórios de inteligência financeira (RIF) sobre as transações feitas por Antunes entre 2017 e 2025.
Ao todo, a comissão aprovou 364 requerimentos para transferências de sigilos de pessoas e entidades relacionadas sobre o caso, como Antunes, o empresário Maurício Camisotti, o ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, o ex-ministros da Previdência Social, Carlos Lupi e Ahmed Mohamad Oliveira Andrade.
Há também pedidos de quebra de sigilo contra os ex-servidores do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho e André Fidelis, o empresário Danilo Trento, empresário que também foi investigado na CPI da Pandemia.
Como funcionava o esquema
Segundo a PF e a Controladoria-Geral da União (CGU), as entidades investigadas:
💰 ofereciam pagamento de propina a servidores do INSS para obter dados de beneficiários;
✍️ usavam assinaturas falsas para autorizar descontos;
💻 criavam associações de fachada, muitas vezes presididas por idosos, pessoas de baixa renda ou aposentados por incapacidade.
As associações cadastravam, sem autorização, aposentados e pensionistas do INSS e passavam a descontar mensalidades diretamente na folha de pagamento. Em muitos casos, os idosos nem sabiam que estavam sendo “associados”.
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Há registros de aposentados que, no mesmo dia, foram filiados a mais de uma entidade — com erros de grafia idênticos nas fichas, apontando para fraudes.
De acordo com a PF, dirigentes e servidores do INSS recebiam vantagens indevidas para facilitar a inserção dos descontos nos contracheques dos aposentados, enquanto associações de fachada viabilizavam o desvio.
A investigação começou em 2023 na CGU, no âmbito administrativo. Em 2024, após a CGU encontrar indícios de crimes, a Polícia Federal foi acionada.
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