O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se reúne nesta quarta-feira (17) e deve manter a taxa básica de juros da economia, a Selic, estável em 15% ao ano — o maior patamar em quase 20 anos.
Essa é a expectativa dos economistas do mercado financeiro, tendo por base indicações do próprio BC de que a taxa será mantida inalterada por um “período bastante prolongado” de tempo. A decisão do Copom será anunciada após as 18h.
🔎A taxa básica de juros da economia é o principal instrumento do BC para tentar conter as pressões inflacionárias, que tem efeitos, principalmente, sobre a população mais pobre.
A expectativa dos analistas dos bancos é de que a taxa seja mantida no atual patamar, ao menos, até 2026. A projeção é de que o juro comece a cair no final de janeiro do próximo ano.
Em comunicado, o Itaú Unibanco avaliou que a inflação corrente trouxe “algum alívio” e que as expectativas do mercado para a alta de preços nos próximos anos recuaram “mas ainda de forma modesta, e permanecem substancialmente acima da meta de inflação para diferentes prazos”.
“Mantemos nossa expectativa de início do ciclo de cortes apenas no 1º trimestre de 2026. Reconhecemos, entretanto, que os riscos aumentaram na direção de um corte antecipado ainda em 2025, o que pode ocorrer caso se verifique uma valorização ainda mais expressiva da taxa de câmbio [queda do dólar] ou uma desaceleração mais acentuada da atividade”, acrescentou o Itaú Unibanco.
Rafael Cervone, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), observou que os desafios fiscais do país, com a dificuldade de equilibrar as contas públicas, têm dificultado o controle da inflação. Analistas apontam que o descompasso entre governo e BC pressiona taxa de juros no país.
“É prioritário que o setor público, abrangendo a União, os estados e os municípios, faça um enorme e responsável esforço para conter os déficits e equilibrar suas contas. Não podemos continuar convivendo com juros elevados e rombo fiscal, que se retroalimentam e drenam a força de nossa economia. Podemos crescer muito mais a cada ano se conseguirmos equacionar esses dois grandes problemas que nos prejudicam há tanto tempo”, afirmou o presidente do Ciesp.
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Como age o Banco Central?
Para definir os juros, a instituição atua com base no sistema de metas. Se as projeções de inflação estão em linha com as metas, é possível baixar os juros. Se estão acima, o Copom tende a manter ou subir a Selic.
Desde o início de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo de 3% será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.
Com a inflação ficando seis meses seguidos acima da meta em junho, o BC teve de divulgar uma carta pública explicando os motivos.
Ao definir a taxa de juros, o BC olha para o futuro, ou seja, para as projeções de inflação, e não para a variação corrente dos preços, ou seja, dos últimos meses.
Isso ocorre porque as mudanças na taxa Selic demoram de seis a 18 meses para ter impacto pleno na economia.
Neste momento, por exemplo, a instituição já está mirando na meta considerando o primeiro trimestre de 2027.
Para 2025, 2026, 2027 e 2028, a projeção do mercado para a inflação oficial está em 4,83% (com estouro da meta), 4,30%, 3,9% e em 3,7%. Ou seja, acima da meta central de 3%, buscada pelo BC.
Desaceleração da economia
O BC tem dito claramente que uma desaceleração, ou seja, um ritmo menor de crescimento da economia, faz parte da estratégia de conter a inflação no país.
▶️Na ata da última reunião do Copom, divulgada em agosto, o BC informou que o chamado “hiato do produto” segue positivo.
▶️Isso quer dizer que a economia continua operando acima do seu potencial de crescimento sem pressionar a inflação.
▶️O Banco Central também informou que o juro alto já contribui para desaceleração da atividade e que impacto na geração de empregos deve se aprofundar.
“A conjuntura de atividade econômica doméstica tem indicado certa moderação no crescimento e, ao mesmo tempo, apresentado dados mistos entre os setores e indicadores”, informou o BC, em agosto.
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