Em Genebra, o observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas pede respeito aos direitos das pessoas idosas durante a transição demográfica. Ele lembra que devemos vê-las como uma fonte de sabedoria e experiência, e criticou políticas que descartam vidas.
Ricardo Balsani – Vatican News
---- Continua após a publicidade ----
Até 2030, uma a cada seis pessoas no mundo terá mais de 60 anos. Serão quase um bilhão e meio de pessoas. Esse número ainda deve dobrar até 2050, apenas 20 anos depois. Esses dados foram destacados por dom Ettore Balestrero, observador permanente da Santa Sé junto às Nações Unidas em Genebra, para justificar seu apelo por uma maior proteção aos direitos das pessoas idosas durante essa transição demográfica.
O arcebispo discursou na quarta-feira (17/09) durante a 60ª Sessão Ordinária do Conselho dos Direitos Humanos da ONU. Os números que ele descreveu são hoje uma realidade em diferentes partes do mundo. O Brasil, como muitos outros países em desenvolvimento, se encontra em meio a essa transição e atualmente cerca de 15% da sua população tem mais de 60 anos. Já as regiões mais desenvolvidas do planeta, como o leste asiático e a Europa, possuem populações mais envelhecidas. Em Portugal, estima-se que cerca de 30% das pessoas já tenham ultrapassado os 60 anos, mais do que o dobro da média mundial.
Idosos são parte da solução, não um problema
Segundo dom Ettore, nossas sociedades não estão preparadas para enfrentar a transição demográfica respeitando a dignidade dessas pessoas. Ele ressaltou que, ao equilibrar a necessidade de assistência aos idosos mais vulneráveis com o apoio àqueles ainda ativos, a “sabedoria, experiência e habilidade das pessoas mais velhas são parte da solução, não do problema”.
Ele pediu leis e políticas públicas que combatam a discriminação por idade no mercado de trabalho. Ao mesmo tempo, assistência à saude, assistência social, benefícios financeiros e o direito à aposentadoria são necessários para que os idosos vivam com dignidade e compartilhem seu conhecimento e experiência com as novas gerações. Ele pediu também atenção às necessidades das famílias, que em muitos países pobres são a única fonte de assistência aos idosos.
Políticas que descartam vidas
Representando a Santa Sé, dom Ettore afirmou que o envelhecimento da população é também um teste moral sobre como tratamos nossos idosos. Ele lembrou que ver essas pessoas como um fardo aos mais novos abre caminho para “políticas do descarte” e mesmo para a eutanásia e o suicídio assistido.