Grech: a terceira fase do processo sinodal seja um passo adiante na Igreja

Grech: a terceira fase do processo sinodal seja um passo adiante na Igreja

Religião

Por ocasião do 60º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos, o cardeal relembra em uma nota a “evolução” desta instituição: desde o seu nascimento por intuição de Paulo VI, até a articulação em um percurso em três fases por vontade de Francisco. O purpurado lembra também os frutos da dupla assembleia no Vaticano 2023-2024, a começar pelo Documento final, do qual pede às Igrejas locais que experimentem as propostas em vista da terceira fase do processo

Salvatore Cernuzio – Vatican News

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“Fazer todo o possível para que a terceira fase do processo sinodal represente um passo adiante na experiência e compreensão da sinodalidade”, que o Papa Francisco e, como ele, o Papa Leão XIV, definiram como “caminho privilegiado para alcançar a comunhão na Igreja”. Este é o desejo expresso em forma de convite pelo cardeal Mario Grech, secretário-geral do Sínodo dos Bispos, em uma nota publicada por ocasião do 60º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos por São Paulo VI. Era 15 de setembro de 1965, com o Concílio Vaticano II em seus estágios finais. Uma “intuição profética” do Papa Montini, como disse Leão XIV no Angelus de domingo, 14 de setembro, manifestando a esperança de que o 60º aniversário da fundação da instituição “inspire um compromisso renovado com a unidade, a sinodalidade e a missão da Igreja”.

Essa esperança foi abraçada e relançada pelo cardeal Grech, tendo em vista a terceira fase desse processo, que o Papa Francisco quis iniciar “de baixo para cima”, com dioceses e Igrejas locais, em um processo de três etapas que culminou com a dupla sessão da Assembleia no Vaticano que produziu o Documento final. E o purpurado maltês nos exorta a olhar precisamente para o Documento, pedindo às Igrejas locais e seus agrupamentos em nível nacional e continental que experimentem e verifiquem suas propostas.

A intuição “profética” de Paulo VI

Para avançar em direção ao futuro, porém, devemos olhar para o passado. Portanto, em sua nota, Grech parte das raízes do Sínodo, ou seja, da já mencionada intuição de Paulo VI ao instituir o Sínodo dos Bispos com o motu proprio Apostolica Sollicitudo, de modo a “responder aos pedidos dos Padres conciliares” e a envolver o Colégio dos Bispos na “prerrogativa petrina de solicitude por toda a Igreja”.

Paulo VI, observa o cardeal, dotou a Igreja de “uma instituição central, representativa de todo o episcopado, capaz de promover a união e a colaboração dos Bispos do mundo com o Bispo de Roma” e de “auxiliá-lo com o conselho” sobre temas e questões cruciais para o Povo de Deus.

Renovação da vida eclesial

Desde então, foram realizadas 16 Assembleias Gerais Ordinárias, três Assembleias Gerais Extraordinárias e onze Assembleias Especiais. Todos os Pontífices sucessivos desde o Concílio, aceitando proposições ou Documentos finais formulados pelas diversas assembleias, “dirigiram à Igreja suas exortações apostólicas pós-sinodais”, que “contribuíram grandemente para a renovação da vida eclesial”.

Transformação desejada por Francisco

Mas, nestes sessenta anos, a instituição sinodal também passou por “uma evolução significativa”, observa o cardeal Grech. Isso se deve a cada um dos Papas que “enriqueceram sua compreensão”, e especialmente ao Papa Francisco, que “quis transformar o Sínodo de um evento reservado a uma assembleia de bispos em um processo gradual do qual toda a Igreja participaria”. Assim, uma fase inicial de consulta ao Povo de Deus, seguida pelas etapas de “discernimento” pelas Conferências Episcopais, as Assembleias Continentais e a Assembleia Geral Ordinária, realizadas em Roma em outubro de 2023 e 2024.

O Papa Francisco já havia antecipado em outubro de 2015, durante seu memorável discurso para o evento na Sala Paulo VI, que marcou o 50º aniversário da instituição do Sínodo, “os termos da transformação do Sínodo de evento em processo, indicando a escuta como princípio de uma Igreja constitutivamente sinodal”. Uma escuta “mútua” na qual “todos têm algo a aprender”: o povo, o Colégio Episcopal e o Bispo de Roma. “Um escutando os outros; e todos escutando o Espírito Santo”. As indicações do Pontífice inspiraram então a constituição apostólica Episcopalis Communio, promulgada há sete anos (15 de setembro de 2018).

Caminho privilegiado para a comunhão na Igreja

O que se vivenciou nos últimos anos demonstrou como “o exercício da sinodalidade é o caminho privilegiado para alcançar a comunhão na Igreja”, assegura o cardeal Grech. “A beleza e a força deste processo foram vivenciadas durante as duas primeiras fases da XVI Assembleia Geral Ordinária, nas quais ouvimos o que o Espírito diz à Igreja, aprendendo a ouvir-nos uns aos outros”, acrescenta. “Um caminho entusiasmante”, portanto, marcado por etapas de “discernimento eclesial” e selado pela votação do Documento final, que o Papa Francisco “imediatamente aprovou e entregou à Igreja como parte do magistério ordinário”.

Recordar todos estes acontecimentos é, portanto, “uma grande alegria para a Secretaria Geral do Sínodo”, sublinha o purpurado. Ao mesmo tempo, é “um convite a fazer todos os esforços para que a terceira fase do processo sinodal constitua um passo adiante na experiência e na compreensão da sinodalidade”.

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