O Papa: famílias canto de esperança, pobreza e guerras ameaçam a sua dignidade

O Papa: famílias canto de esperança, pobreza e guerras ameaçam a sua dignidade

Religião

Leão XIV recebe os participantes do Encontro Jubilar promovido em Roma pelo Celam para o futuro da família, aponta o modelo perfeito da Sagrada Família e recorda as crises geradas pela “falta de trabalho e acesso à saúde, abuso dos mais vulneráveis, migração e guerra”. A tarefa das instituições e da Igreja é “fortalecer os elementos da sociedade que favorecem a vida familiar”.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Leão XVI recebeu em audiência, nesta sexta-feira (19/09), no Vaticano, os participantes do Encontro Jubilar promovido pelo Conselho Episcopal Latino-americano (Celam) para debater sobre o futuro da família.

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Durante o encontro, os participantes conversaram “seguindo o método sinodal, refletindo sobre algumas questões atuais que afetam a vida familiar”, disse o Pontífice no início de seu discurso.

Viver a sinodalidade em família requer ‘caminhar juntos’, compartilhando tristezas e alegrias, dialogando com respeito e sinceridade entre todos os seus membros, aprendendo a escutar e tomar decisões familiares importantes entre todos.

A seguir, Leão XIV propôs três palavras para reflexão: jubileu, esperança e família.

“O Jubileu, no Antigo Testamento, evocava o retorno: voltar para a terra, para a primeira condição de homens livres, para as origens da justiça e da misericórdia de Deus. Hoje, devemos lê-lo como um chamado a retornar ao centro da nossa vida, ao próprio Deus, ao Deus de Jesus Cristo”, sublinhou.

O Jubileu também nos convida a refletir sobre as nossas raízes: sobre a fé recebida dos nossos pais, sobre a oração perseverante de nossas avós enquanto rezavam o Terço, sobre a vida simples, humilde e honesta que, como fermento, sustentaram tantas famílias e comunidades. Nelas, aprendemos que Jesus é o Caminho, a Verdade e a Vida. N’Ele, encontramos a nossa verdadeira alegria: a alegria de saber que estamos em casa, no lugar a que pertencemos.

“O Jubileu da Esperança é um caminho rumo ao encontro com aquela Verdade que é o próprio Deus”, disse ainda o Papa, ressaltando que “no início de sua missão, Jesus descreve o Jubileu como um ano de graça e, depois da Ressurreição, convida os discípulos a «regressarem à Galileia». Não devemos cair no perigo de basear a nossa vida na segurança humana e nas expectativas mundanas”.

No âmbito social, poderíamos traduzir esta tentação na tentativa de «ir vivendo», como dizia São Pier Giorgio Frassati. Estamos também conscientes de que hoje existem ameaças reais à dignidade da família, como os problemas relacionados com a pobreza, a falta de trabalho e de acesso à saúde, os abusos contra os mais vulneráveis, a migração e a guerra. As instituições públicas e a Igreja têm a responsabilidade de buscar formas de promover o diálogo e fortalecer os elementos da sociedade que favorecem a vida familiar e a educação de seus membros.

De acordo com Leão XVI, “nessa perspectiva, podemos compreender a família como um dom e uma tarefa”. Segundo ele, “é essencial promover a corresponsabilidade e o protagonismo das famílias na vida social, política e cultural, fomentando sua valiosa contribuição na comunidade. Em cada filho, em cada esposa ou esposo, Deus nos confia ao seu Filho, à sua Mãe, como fez com São José, para sermos, junto com eles, base, fermento e testemunha do amor de Deus entre os homens. Para sermos Igreja doméstica e lar onde arde o fogo do Espírito Santo, espalhando seu calor a todos e convidando-os a essa esperança”.

O Papa recorda que que “São Paulo VI, em sua famosa homilia em Nazaré, nos exortou a seguir o exemplo da Sagrada Família, acompanhando e apoiando os outros no silêncio, no trabalho e na oração, para que Deus realize neles o plano de amor que lhes reservou”. “Este é o amor encarnado em cada vida nascida na fé pelo Batismo e ungida ‘para proclamar o ano da graça’ a todos os homens e mulheres que encontrarão Jesus na Eucaristia e no sacramento do perdão, que o seguirão em sua missão de sacerdote, de pai cristão ou de pessoa consagrada, até o encontro definitivo, até à meta da nossa esperança”, disse ainda o Pontífice.

O Santo Padre fez “um apelo ao compromisso e àquela alegria transbordante que inundou os discípulos ao encontrar Jesus Ressuscitado e os levou a proclamar o seu nome por toda a terra. Santo Agostinho definiu este “jubileu” como uma alegria indizível e que é, sobretudo, própria do Inefável”, disse ele. “Que as nossas famílias sejam esse canto silencioso de esperança, capaz de difundir a luz de Cristo através de suas vidas, “para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da terra e nenhuma periferia seja privada da sua luz”, concluiu.

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