“Os direitos essenciais das crianças estão sendo violados”. A denúncia vem do frade franciscano que dirige as escolas da Custódia da Terra Santa e que, em um vídeo enviado à mídia vaticana, lança um apelo: “As crianças são o nosso futuro e o futuro da humanidade. Queremos o fim desta guerra!”
Roberto Paglialonga – Vatican News
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Começou o terceiro ano sem escola em Gaza. Os edifícios foram todos destruídos, “e agora não são mais locais de educação e crescimento”. A denúncia vem do padre Ibrahim Faltas, frade franciscano, diretor das escolas da Custódia da Terra Santa. Em um vídeo enviado à mídia vaticana, o religioso explica que “desde 7 de outubro, as escolas têm servido de refúgio” contra os ataques israelenses, mas como esses locais de abrigo também foram destruídos, agora não há mais “nem educação nem possibilidade de salvação”. Às crianças da Faixa, acrescenta Faltas com a voz trêmula de emoção, “foram negados os direitos essenciais da infância: o desenvolvimento físico e mental, o lazer, a educação, os sonhos, o futuro”.
Unicef: mais de 18.000 crianças mortas
No início de agosto, o Unicef estimou em mais de 18.000 o número de crianças mortas pelos bombardeios e operações militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) nestes 23 meses de conflito. Uma média de 28 menores por dia. De acordo com as autoridades de saúde palestinas, mais de 42.000 crianças ficaram feridas, enquanto o Comitê da ONU sobre os direitos das pessoas com deficiência relata que pelo menos 21.000 crianças ficaram inválidas para o resto da vida. Mas muitas ainda estão desaparecidas ou soterradas sob os escombros.
A situação também é grave na Cisjordânia
Na Cisjordânia, por outro lado, atualmente “o percurso escolar normal foi retomado”, embora permaneçam “as graves dificuldades” vividas em toda a Terra Santa. A Custódia possui várias instituições educacionais, além de Jerusalém, também em Belém e Jericó. Nessas áreas, a situação “é melhor do que em Gaza, mas também aí se sofre”, ressalta Faltas: pela falta de trabalho, pelas limitações à liberdade de movimento, pelos níveis crescentes de pobreza. “Os pais estão muito preocupados com o futuro dos seus filhos. E também as crianças da Cisjordânia estão assustadas com os seus amigos da Faixa ou têm medo pelos seus entes queridos que estão em casa enquanto elas estão na escola”.
“Queremos o fim desta guerra!”
Qual é o sentido de toda essa violência? “Como viverão essas crianças, se conseguirem sobreviver?”, pergunta o franciscano. Porque “em Gaza, gerações inteiras tiveram o passado apagado, o presente tornado impossível e o futuro obscurecido”. O vídeo termina com a esperança de que “toda essa situação desumana chegue logo ao fim”. Com a oração para que “as crianças de Gaza, da Cisjordânia, mas de todos os países em guerra, possam voltar a viver em paz e segurança”. E com o apelo: “Queremos o fim desta guerra!”. Porque “as crianças são o nosso futuro e o futuro da humanidade”. E também na Faixa, como no mundo inteiro, elas “têm direito a viver em serenidade”.