A declaração da vereadora Elizabeth Maciel, de Borba (AM), ao afirmar que “aprova a violência contra a mulher” e que “tem mulher que merece apanhar” representa um dos episódios mais graves de negacionismo e banalização da violência de gênero já registrados no parlamento brasileiro. Ao ocupar uma cadeira no legislativo municipal, a vereadora tem o dever constitucional de zelar pelos direitos fundamentais de todos os cidadãos, especialmente dos grupos vulneráveis. Em vez disso, escolheu usar sua tribuna para disseminar um discurso que contraria a Constituição Federal, a Lei Maria da Penha e todos os avanços civilizatórios conquistados na proteção às mulheres. Não há contexto, justificativa ou relativização possível: defender que qualquer pessoa “mereça apanhar” é inadmissível em uma democracia.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que uma mulher é agredida a cada dois minutos no Brasil, e que a violência doméstica é subnotificada justamente pelo medo, vergonha e falta de credibilidade que discursos como esse perpetuam. Fica a pergunta perturbadora: como essa parlamentar trata as pessoas em sua própria casa e em seu ambiente de trabalho? Que exemplo de respeito e dignidade ela transmite àqueles que convivem diariamente com ela?
O argumento utilizado pela vereadora de que “mulheres se batem para condenar homens” revela não apenas desconhecimento sobre a realidade da violência doméstica, mas também uma perigosa estratégia de culpabilização das vítimas.
---- Continua após a publicidade ----

