Voto de Fux dá fôlego para anistia no Congresso, diz Andréia Sadi
A ideia de uma “anistia light” – que livre os réus dos ataques de 8 de janeiro, mas deixe de fora Jair Bolsonaro (PL) e outros réus do julgamento do golpe – enfureceu bolsonaristas, que querem aproveitar o voto favorável ao ex-presidente dado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux na quarta-feira (10).
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Como o blog mostrou, na mesma quarta, o senador Rogério Marinho (PL-RN) apresentou uma proposta nesse sentido ao líder do PL na Câmara dos Deputados, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Após consultar a família Bolsonaro, Sóstenes mandou avisar que não aceitaria.
Após a publicação do post, o senador Rogério Marinho negou ter feito a proposta – “todas as nossas manifestações públicas reforçam a defesa de uma anistia ampla, geral e irrestrita”, afirmou – mas lideranças do PL confirmam a apresentação dela.
Anistia light x anistia total
A ideia de uma anistia light é uma alternativa à proposta defendida pelo líder do PL na Câmara dos Deputados, que perdoa quem, a partir de 14 de março de 2019, seja alvo de investigação por “ofensa ou ataque a instituições públicas ou seus integrantes; descrédito ao processo eleitoral ou aos Poderes da República; reforço à polarização política; geração de animosidade na sociedade brasileira”.
Na prática, a medida beneficiaria diretamente Bolsonaro.
Já a anistia light surgiu no Senado e conta com a simpatia do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP). Próximo do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Alcolumbre vê essa proposta como uma alternativa para tirar fôlego dos pedidos de impeachment do magistrado.
Mas a família Bolsonaro é radicalmente contra – deixando evidente que, desde o início, a defesa da anistia sempre teve por objetivo salvar o ex-presidente, e não os réus do 8/1. E uma das preocupações é que a anistia light tire fôlego da pressão que os Estados Unidos têm feito sobre o Brasil em razão do julgamento de Bolsonaro.
“Se a anistia light passar, a última ajuda vinda dos EUA terá sido o post do Trump. Eles não irão mais ajudar”, afirmou Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao pai, segundo mensagens interceptadas pela PF na investigação sobre a tentativa de coação ao STF por parte dos dois. “Temos que decidir entre ajudar o Brasil, brecar o STF e resgatar a democracia OU enviar o pessoal que esteve num protesto que evoluiu para uma baderna para casa num semiaberto.”
Na manhã desta quinta-feira (11), o braço-direito de Eduardo Bolsonaro nos EUA, Paulo Figueiredo, disse ao blog que ou o Congresso dá andamento à anistia “ampla, geral e irrestrita” ou o grupo vai começar a pressionar por sanções e até a destituição de Alcolumbre e do presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB).
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