As revistas científicas são cruciais para divulgar o que pesquisadores de todo o mundo estão fazendo para melhorar a vida dos seres. Servem também de comunicação entre cientistas. Porque um cientista, ao ler um artigo, pode entrar em contato com outro cientista e somar esforços no desenvolvimento — ampliado — das pesquisas mútuas.
Assim, pode-se obter resultados positivos — como vacinas — mais rapidamente. Esforços coletivos são decisivos no campo do avanço científico e do bem-estar das pessoas e demais animais.
Portanto, as revistas e os jornais científicos são cruciais para o desenvolvimento da ciência, de sua integração global, e por isso contribuem para o desenvolvimento dos países, da humanidade.
Não é o que pensam o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu secretário (ministro) da Saúde, Robert F. Kennedy Jr. (um negacionista da vanguarda do atraso, uma vergonha para a avançada família de John Kennedy e Bob Kennedy).

No início, Donald Trump atacou as universidades Columbia e Harvard (que persiste sob ataque), duas das melhores do país, ao lado de Stanford, Yale, Princeton e MIT.
Agora, o republicano estuda a possibilidade — absurda e, talvez, impossível de ser levada adiante (grandes cérebros podem acabar saindo do país, rumo à Europa ou à China) — de proibir pesquisadores, os que tenham alguma ligação com o governo dos Estados Unidos, de publicar artigos científicos nas revistas mais qualificadas e respeitadas do mundo.
Quem ventilou a ideia, em primeira mão, foi Robert Kennedy Jr. — um homem das cavernas vivendo no século 21. Um viajante no tempo, diria um autor de ficção científica.
Ao participar do podcast “Ultimate Human”, Robert Kennedy Jr. disse: “Provavelmente vamos parar de publicar na ‘The Lancet’, no ‘The New England Journal of Medicine’, na ‘Jama’ e esses outros periódicos porque todos eles são corruptos”. Ao falar dos “outros”, como às vezes ocorre, estaria falando de si?
Na verdade, Robert Kennedy Jr. falta com a verdade. As publicações científicas citadas, como outras — a “Nature” e a “Science”, por exemplo —, são decentes.
Não há um cientista sério, que não tenha a cabeça tomada pela ideologia de direita, que afirme que são “corruptas” e “ineptas”. Porque não são.
Por sinal, quando há problemas com as publicações, como uma falha grave num artigo, as correções são feitas quase sempre prontamente. Seriedade e competência dão o tom nas revistas e jornais científicos.
Na questão da vacina da Covid, que salvou e salva milhões de vidas ao redor do mundo, as publicações científicas foram cruciais. Tanto para divulgar os avanços nas pesquisas quanto para sugerir conexões entre os pesquisadores de vários países, como Inglaterra, França, Alemanha, Estados Unidos, Brasil etc.
1
Revista “The Lancet”

Com sede em Londres, a “Lancet”, revista semanal de Medicina, foi fundada em 1823 (há 202 anos!).
A publicação tem sucursais nos Estados Unidos e na China. Os comunistas chineses, cada vez mais vinculados à ciência — à expansão tecnológica (é o caminho para se aproximar ainda mais dos Estados Unidos e, no futuro, para superá-los) —, não cogitam proibir que seus cientistas publiquem nas revistas.
Revista especializada, portanto complexa — não é para o grande público —, a “Lancet” recebe 30 milhões de visitas por ano no seu portal.
2
New England Journal of Medicine
Criado em 1812 (há 213 anos!), nos Estados Unidos, o “New England Journal of Medicine”, é uma publicação da Massachusetts Medical Society.
Suas versões impressa e online são lidas, semanalmente, por mais de 1 milhão de leitores. Sinal de sua importância. Porque, sendo um jornal científico, é para leitores especializados. O mundo todo, o que vale a pena no campo científico, o consulta.

Os médicos que editam o jornal são rigorosos na verificação dos artigos recebidos. Tanto que, dos 16 mil artigos científicos que recebem, apenas 5% são publicados. O detalhe interessante é que, talvez ao contrário do que pensam Donald Trump e Robert Kennedy Jr., mais de 50% das pesquisas que chegam à redação são originárias de outros países, e não dos Estados Unidos.
A crítica de Robert Kennedy Jr. foi recebida assim pela equipe que dirige o jornal: “Usamos rigorosos processos de revisão por pares e editoriais para garantir a objetividade e confiabilidade da pesquisa que publicamos. ‘NEJM’ continuará focado em publicar avanços científicos para melhorar a saúde dos americanos e das pessoas ao redor do mundo”.
3
Revista Jama
Fundada em 1883 (há 169 anos!), a “Journal of the American Medical Association” (“Jama”) publica 48 edições por ano. Recebe 30 milhões de visitas no seu portal. Trata-se de outra revista respeitada pela comunidade científica internacional.

Se Donald Trump continuar “fechando” os Estados Unidos, longe de desenvolvê-los — para evitar a decadência do Império e a superação pela China —, poderá afastar dos Estados Unidos suas melhores cabeças e publicações. Quem perde cientistas acaba por perder o rumo do crescimento econômico e do desenvolvimento. Fica para trás.
Será que Donald Trump e Robert Kennedy Jr. querem “retardar” a história — seguindo o comunista Ióssif Stálin e o “cientista” soviético Trofim Denisovič Lysenko, que pensavam ser possível uma “genética soviética”?

O fato de ser um país aberto, para onde fluem os melhores cérebros globais, levou os Estados Unidos a serem a maior potência global, um Império mais amplo, em desenvolvimento econômico e tecnológico, do que o Romano.
Sem a ciência — uma ciência gestada por mentes globais, conectadas pelas publicações científicas —, o país de Thomas Alva Edison e Benjamin Franklin não seria o que é hoje: um exemplo em termos de desenvolvimento em várias áreas.
O bom senso voltará ao governo de Donald Trump? Talvez. Para tanto, a comunidade científica e o Poder Judiciário — a Suprema Corte não pode se tornar Ínfima Cortesã — têm o dever de resistir.
O post Apelo da selva: Donald Trump decidiu perseguir revistas científicas. Confira quais apareceu primeiro em Jornal Opção.