*Colaboração de João Reynol
O secretário municipal de Cultura de Goiânia, Uugton Batista, procurou na manhã desta quinta-feira, 26, individualmente vereadores da Câmara Municipal para pedir desculpas. A atitude ocorre após forte repercussão negativa causada por uma declaração pública em que ele chamou parlamentares de “imbecis”. Em respota, a vereadora Aava Santiago (PSDB) usou a tribuna e falou “tem que se retratar aqui no parlamento, não e para ligar para amiguinho não”.
“Já está no requerimento da pauta de hoje exigindo que ele preste esclarecimentos. Se ele não responder vamos fazer um requerimento de convocação. Porque independente das diferenças que ele tenha, precisa respeitar o poder. Nomeado pelo prefeito, ele não tem mandato, ele não está imbuído de um poder como os vereadores estão no Poder Legislativo”, afirmou Aava Santiago em entrevista ao Jornal Opção.
Além da falta de respeito, a vereadora afirmou que o secretário desperdiçou a oportunidade de apresentar ações da pasta. “Todas as evidências apontam que ele só fez essa fala porque se irritou com as cobranças que recebeu na prestação de contas”, continuou Aava Santiago.
Entenda o caso
A fala ofensiva foi feita por Uugton durante uma sessão especial na Câmara no dia 30 de maio. Na ocasião, o secretário afirmou: “Existe muita gente imbecil, inclusive vereador aqui imbecil”. O discurso, que ocorreu durante uma homenagem, não está mais disponível no canal da Câmara no YouTube.
A polêmica voltou à tona nesta quarta-feira, 25, quando a vereadora Aava Santiago (PSDB) mencionou o caso em plenário e apresentou requerimento exigindo explicações formais do secretário. Durante sua fala, ela também cobrou retratação pública e fez duras críticas à gestão da pasta.
“Se o senhor é minúsculo, se o senhor tem o tamanho oposto dos cachês que paga para os seus amigos, aqui tem vereadora grande. E o senhor vai ter que responder: quem é o imbecil?”, questionou Aava, em tom indignado.
Ela também denunciou contratações de shows com cachês acima da média e apontou irregularidades como o pagamento de R$ 60 mil por fogos de artifício proibidos por lei municipal, utilizados no “Grande Arraial de Goiânia”, realizado em junho. A legislação, de autoria do vereador Anselmo Pereira (MDB), proíbe esse tipo de espetáculo em eventos públicos.
Aava ironizou: “Quem é o vereador imbecil? O que acha um absurdo a prefeitura gastar R$ 60 mil com fogos proibidos enquanto falta seringa na UPA? O que fiscaliza shows sem licitação? O que denuncia cachês acima da média para artistas amigos do secretário? Ou são todos os vereadores que aqui estão? O senhor vai ter que responder.”
A reação entre os parlamentares foi imediata. O vereador Coronel Uzêda (PL) cobrou esclarecimentos diretos: “Esse imbecil citado, qualquer um que seja, os 37 podem ser imbecis, ou apenas um, dois, três, eu não sei. Mas todos aqui são fiscais do Executivo. Quero saber quem são os vereadores a quem o secretário se referiu.”
Já Heyler Leão (PP) pediu mais civilidade: “Independente de concordar ou não com o vereador, tem que haver respeito dentro desta Casa. Chamar qualquer parlamentar de imbecil é inaceitável.”
Diante da pressão e das críticas públicas, Uugton Batista teria ligado a diferentes vereadores nos últimos dias para se desculpar pelas declarações. Apesar do gesto individual, o secretário ainda não fez uma retratação pública ou formal à Câmara.