Cardeal Parolin: precisamos de um novo olhar para um mundo novo

Cardeal Parolin: precisamos de um novo olhar para um mundo novo

Religião

Na abertura do seminário internacional “Criação, natureza, ambiente, por um mundo de paz”, que está sendo realizado na Casina Po IV, no Vaticano, o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, exortou a sociedade a saber ler os sinais dos tempos que podem contribuir para a pacificação e o diálogo social: “é preciso saber interagir com respeito mútuo e consciência responsável”.

Federico Piana – Vatican News

“O atual contexto histórico preocupante é, infelizmente, caracterizado por conflitos, egoísmo, indiferença, incapacidade de ouvir o outro, de ver as grandes oportunidades que se abrem para nós com o simples ato de colaborar juntos, de interagir com respeito mútuo e com a consciência responsável de que, como bem indicado na Laudato si’: tudo está interligado”. É com essa passagem do seu discurso, proferido na abertura do seminário internacional Criação, natureza, ambiente, por um mundo de paz, que teve início nesta quinta-feira (12/09) na Casina Pio IV, no Vaticano, que o secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, quis chamar a atenção para a necessidade de uma nova abordagem para a defesa da casa comum e o reinício de um diálogo que transcenda todo o conhecimento, toda a cultura, toda a religião.

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Relações fundamentais

Referindo-se à “criação, natureza e ambiente”, três termos que compõem o título do congresso — organizado pela Pontifícia Academia de Teologia e do qual até esta sexta-feira (12/09) participam teólogos, empresários e especialistas de todo o mundo —, o cardeal explicou que a comparação entre eles “nos remete à ideia do Criador, cujo amor totalmente especial por cada ser humano confere a cada um de nós uma dignidade infinita. Esse tema está bem presente na Laudato si’, a encíclica que o Papa Francisco dedicou ao cuidado de nossa casa comum e da qual, neste Ano Santo, se comemora o aniversário de 10 anos”.

Justamente no texto do Papa Francisco, acrescentou o cardeal, “lembra-se como os relatos da criação no livro do Gênesis sugerem que a existência humana se baseia em três relações fundamentais estreitamente conectadas: a relação com Deus, aquela com o próximo e aquela com a terra. Segundo a Bíblia, essas três relações vitais estão rompidas, não só fora, mas também dentro de nós. Esse rompimento é o pecado. A harmonia entre o Criador, a humanidade e toda a criação foi destruída por termos pretendido tomar o lugar de Deus, recusando-nos a nos reconhecer como criaturas limitadas”. 

Uma maneira diferente

Portanto, o objetivo principal continua sendo aquele, ousado, mas fascinante e estimulante, de se empenhar para construir um planeta diferente. “O que precisamos – explicou Parolin – é um novo olhar para um mundo novo, capaz de ler atentamente os desafios e os sinais dos tempos que podem contribuir para a paz, estimulando o diálogo social. Entre os desafios e os sinais dos tempos que caracterizam a nossa época, Leão XIV destacou, além da inteligência artificial, também a salvaguarda da Criação, aspecto que nos remete diretamente ao tema da conferência de hoje. Retomando as palavras do Pontífice, é bom lembrar que se trata de desafios que exigem o empenho e a colaboração de todos, pois ninguém pode pensar em enfrentá-los sozinho”.

Colaboração e diálogo

Diálogo e colaboração, detalhou o secretário de Estado, com os atores estatais e não estatais; diálogo e colaboração com base no mandato bíblico de cultivar a Terra e cuidar dela; diálogo e colaboração indo além das tensões e conflitos geopolíticos; diálogo e colaboração passando da cultura do descarte, hoje dominante, para uma cultura do cuidado, expressão da nossa conversão ecológica e integral, pessoal e comunitária.

Trabalho e dignidade

Após a participação do cardeal, seguiram-se várias intervenções sobre os temas do trabalho como fulcro da dignidade e da identidade da pessoa e sobre questões relacionadas com a inteligência artificial como instrumento de evolução harmoniosa da sociedade. Nesta sexta-feira (12/09), os trabalhos são retomados com uma palestra do cardeal Louis Antonio Tagle, pro-prefeito do Dicastério para a Evangelização, enquanto à tarde haverá a celebração eucarística na Basílica do Vaticano, presidida por dom Antonio Staglianò, presidente da Pontifícia Academia de Teologia.

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