Em entrevista ao Tg2 Post do canal público de TV da Itália transmitida na noite de sexta-feira (18/07), o secretário de Estado do Vaticano falou sobre o telefonema do primeiro-ministro israelense Netanyahu ao Papa, exortando-o, porém, a esclarecer sobre o ataque que atingiu a Igreja da Sagrada Família de Gaza. O convite é para que as palavras sejam seguidas de ações. Sobre a mediação da Santa Sé nos conflitos em curso, Parolin lembra que “é necessária vontade política para acabar com a guerra”.
Vatican News
“Uma guerra sem limites”: é o julgamento sobre o que está acontecendo em Gaza por parte do cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, entrevistado por telefone na noite desta sexta-feira, 18 de julho, pelo Tg2 Post, programa de aprofundamento do canal público de TV da Itália, a RAI. O cardeal fala de “limites ultrapassados” e de “um desenvolvimento dramático”, invoca clareza sobre o que aconteceu na última quinta-feira no ataque militar à Igreja da Sagrada Família de Gaza, que causou 3 mortos e 10 feridos, entre os quais o pároco, Pe. Gabriel Romanelli. Em relação às muitas guerras em curso, ele lembra que a Santa Sé está sempre aberta à mediação, mas “a mediação só é válida quando as duas partes a aceitam”. Ele então se detém no telefonema feito nesta sexta (18/07) entre o Papa e o primeiro-ministro Netanyahu.
Como o senhor avalia o telefonema de Netanyahu ao Papa?
Acho que foi oportuno, não se podia deixar de explicar ao Papa, não informar diretamente ao Papa o que aconteceu, que é de uma gravidade absoluta. Portanto, acho que o telefonema foi positivo, acho positiva a vontade do primeiro-ministro israelense de falar diretamente com o Papa Leão. Agora, creio que há três coisas a esperar, na minha opinião, desse telefonema ao Papa Leão ou após esse telefonema: em primeiro lugar, que os resultados reais da investigação prometida sejam realmente divulgados. Porque a primeira interpretação que foi dada é a de um erro, mas foi assegurado que haveria uma investigação a respeito: portanto, que essa investigação seja realmente feita com toda a seriedade e que os resultados sejam conhecidos, divulgados. E então, depois de tantas palavras, finalmente se dê espaço aos fatos. Espero sinceramente que o que foi dito pelo primeiro-ministro possa se concretizar o mais rápido possível, porque a situação em Gaza é realmente insustentável.
A sensação é que estamos diante de uma guerra sem limites…
Certamente é uma guerra sem limites, pelo que se pôde ver: como se pode destruir e matar de fome uma população como a de Gaza? Muitos limites já haviam sido ultrapassados. Por outro lado, nós dissemos isso desde o início como diplomacia da Santa Sé: a famosa questão da proporcionalidade. No que diz respeito a esse episódio, se for no sentido que você acabou de descrever, é um desenvolvimento dramático. Volto a dizer: vamos dar tempo para que nos digam efetivamente o que aconteceu: se foi realmente um erro, o que se pode legitimamente duvidar, ou se houve uma vontade de atingir diretamente uma igreja cristã, sabendo o quanto os cristãos são um elemento de moderação precisamente no quadro do Oriente Médio e também nas relações entre palestinos e judeus. Portanto, haveria mais uma vez a vontade de eliminar qualquer elemento que pudesse ajudar a chegar a uma trégua, pelo menos, e depois a uma paz.
Há muitas frentes de guerra abertas: o que mais pode fazer a Santa Sé em termos de mediação diplomática?
Nós permanecemos abertos, aliás, nos propomos, como já foi feito em várias ocasiões. Além disso, vejo realmente difícil dar mais passos, também porque, se usarmos a palavra “mediação” em termos técnicos, a mediação só é válida quando ambas as partes a aceitam: deve haver disponibilidade por parte de cada um dos dois contendores, das duas partes em conflito, dos dois países ou dos dois povos em conflito para aceitar essa mediação da Santa Sé. Continuaremos a insistir como sempre fizemos, sem perder a esperança, mas tecnicamente é muito difícil. Por outro lado, o senhor viu quantas mediações externas ao Vaticano não funcionaram até agora. É necessária vontade política para acabar com a guerra, sabendo que os custos de uma guerra são terríveis para todos, em todos os sentidos.
O senhor não vê essa vontade?
Infelizmente… não quero ser muito negativo… eu espero. O senhor me citava as palavras de Netanyahu de que a trégua estaria próxima: eu gostaria de acreditar nisso.