A investigação que apura descontos irregulares em benefícios pagos pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não revelou, até o momento, uma lista de parlamentares supostamente envolvidos na fraude, como alegam posts nas redes sociais.
“Saiu a lista com os deputados envolvidos no escândalo do INSS, escândalo que tirou bilhões dos bolsos dos nossos aposentados”, anuncia um vídeo no Facebook.
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Nas imagens, um homem menciona os deputados federais Zé Neto (PT-BA), Patrus Ananias (PT-MG), Valmir Assunção (PT-BA), Marcon (PT-RS), Rubens Pereira Júnior (PT-MA), Jandira Feghali (PCdoB-RJ), Otto Alencar Filho (PSD-BA) e Daniel Almeida (PCdoB-BA).
A Polícia Federal (PF), responsável pela apuração do esquema, não divulgou qualquer informação neste sentido até então.
Em junho, a corporação remeteu parte da investigação ao Supremo Tribunal Federal (STF) após ter considerado suspeito um deputado federal — autoridade que possui foro privilegiado e, portanto, só pode ser julgada pela Corte.
O nome do parlamentar não foi divulgado, pois o processo corre em sigilo.
VÍDEO
A Reuters encontrou uma versão mais antiga e longa do vídeo checado, compartilhada no TikTok em 22 de junho deste ano. O homem na gravação não menciona a fonte da suposta lista de parlamentares implicados no esquema.
Na semana anterior, o site Metrópoles havia publicado uma reportagem que cita os mesmos deputados listados no conteúdo, mas não afirma que eles estariam envolvidos na fraude de descontos indevidos.
Segundo o Metrópoles, os deputados teriam apresentado emendas redigidas pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) para alterar uma medida provisória que visava combater fraudes no INSS. Ao site, eles negaram irregularidades.
A Contag é uma das entidades alvo da operação Sem Desconto e diz ter todas as autorizações exigidas para realizar os débitos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.
OPERAÇÃO
A PF deflagrou em abril a operação Sem Desconto que, em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU), apontou que associações e sindicatos efetuaram débitos em aposentadorias e pensões do INSS sem a autorização dos beneficiários.
Entre 2019 e 2024, foram descontados da folha de pagamento dos aposentados e pensionistas R$6,3 bilhões, contando operações legais e fraudulentas — o ressarcimento dos afetados começou em julho.
O relatório da CGU sobre o caso e notícias (1, 2, 3 e 4) sobre mandados de prisão ou de busca e apreensão cumpridos pela PF não citam nomes de deputados que teriam participado das cobranças indevidas feitas pelas entidades.
Até o final de julho, oito pessoas haviam sido detidas por ligação com o esquema e R$2,8 bilhões em bens e ativos financeiros de suspeitos haviam sido bloqueados a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU).
As fraudes também estão sendoinvestigadas em uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) aberta neste mês pelo Congresso Nacional.
VEREDICTO
Falso. Até o momento, a investigação de fraudes no INSS não revelou uma lista de deputados federais supostamente envolvidos no esquema.
Este artigo foi produzido pela equipe da Reuters Fact Check. Envie sugestões de checagem via WhatsApp pelo número (11) 91599-9278. Leia mais sobre nosso trabalho de checagens de afirmações nas redes sociais aqui.
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