Em Nampula Igreja denuncia invasão de terrenos e pede intervenção das autoridades

Em Nampula Igreja denuncia invasão de terrenos e pede intervenção das autoridades

Religião

A Paróquia de Marrere, em Nampula (norte de Moçambique), volta a ser alvo de invasões nos seus terrenos. A Igreja Católica manifesta profunda preocupação e apela ao diálogo, denunciando um padrão preocupante de ocupações ilegais e possíveis motivações políticas por detrás das acções.

Cremildo Alexandre – Nampula, Moçambique

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A Paróquia São João Baptista de Marrere, localizada na cidade moçambicana de Nampula, foi recentemente alvo de uma nova invasão dos seus terrenos, tornando-se na terceira instituição da Igreja Católica a enfrentar este tipo de situação naquela região. Segundo relatos recolhidos no local, populares invadiram e demarcaram por conta própria espaços pertencentes à paróquia, alegando necessidade de habitação e falta de terrenos urbanos disponíveis.

O vice-pároco, Padre Jeremias, expressou surpresa e preocupação com a situação. “Fomos apanhados de surpresa. As pessoas invadiram totalmente o espaço, danificaram culturas e recusam-se ao diálogo. Esta atitude não só viola a propriedade da Igreja como também compromete a convivência pacífica que sempre promovemos”, afirmou.

O fenómeno não é novo. Antes da Paróquia de Marrere, o Mosteiro Mater Dei e o Seminário Propedêutico já haviam sido alvo de ocupações semelhantes. A Igreja afirma que, noutros contextos, chegou a permitir temporariamente o uso da terra para fins agrícolas, mediante autorização e compromisso anual. Porém, o que se verifica agora é uma apropriação indevida, sem qualquer entendimento prévio com a instituição.

Para o Padre José Luzia, residente na zona afectada, poderá existir uma motivação política por detrás das invasões. “Há sinais de uma mão invisível a orquestrar estas acções, talvez ligada a sectores conservadores do partido no poder. A arquidiocese de Nampula tem sido crítica, e pode estar a ser alvo de represálias silenciosas”, afirmou o sacerdote, apontando para uma possível tentativa de silenciar a voz da Igreja através da instabilidade.


P. José Luzia, sacerdote em serviço na arquidiocese de Nampula   (Cremildo Alexandre, Rádio Encontro (Nampula, Moçambique))

A comunidade paroquial e os animadores locais apelam à retirada pacífica dos ocupantes e à abertura de diálogo com a Igreja e as autoridades competentes.

Recorde-se que, após a segunda invasão aos terrenos do Seminário Propedêutico, o arcebispo de Nampula, Dom Inácio Saúre, classificou a situação como uma grave injustiça. “Estes espaços desempenham um papel importante na vida religiosa e social do país. Isto representa uma grande afronta. A Igreja nunca recorrerá à violência, mas pedirá sempre que a justiça seja feita”, afirmou.

O arcebispo destacou ainda o contributo da Igreja Católica em sectores essenciais como o ensino e a saúde, através da Universidade Católica de Moçambique e várias escolas comunitárias, reforçando a importância de proteger estas instituições e os espaços que lhes pertencem legalmente.

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