Encontro de Caiado com Bolsonaro acontece em cenário “distensionado”, avalia entorno governista

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Dias após reafirmar sua pré-candidatura à Presidência da República e fazer nova defesa de uma “anistia ampla e irrestrita” dos condenados pelo 8 de janeiro, durante participação no programa Roda Viva, o governador Ronaldo Caiado se reuniu com Jair Bolsonaro no final da manhã dessa quinta-feira, 19, no Palácio das Esmeraldas, na visita do ex-presidente a Goiânia. A reunião aconteceu a portas fechadas, mas, conforme fontes palacianas ouvidas pelo Jornal Opção, vem em um cenário menos tensionado pelas incertezas do PL em Goiás e com ambos os políticos um pouco mais abertos ao diálogo.

Um dia antes, na quarta-feira, Caiado, ainda em agenda no Rio de Janeiro, onde participou do aniversário do ex-prefeito carioca César Maia, deixava em aberto se encontraria Bolsonaro em Goiânia ou não. Isso porque havia a possibilidade de, em vez de voltar direto do Rio para Goiânia, o governador pousasse em São Paulo, onde também tinha compromissos.

No entanto, após um pedido do próprio Bolsonaro, o encontro acabou acontecendo.

O ex-presidente esteve na residência oficial do governador acompanhado de dois de seus maiores aliados em Goiás e lideranças do PL: o senador Wilder Morais, que preside o partido no estado, e o deputado federal Gustavo Gayer, que lidera o PL em Goiânia.

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À reportagem, uma fonte do Palácio disse que a reunião se tratou mais de uma visita de cortesia, sobretudo com temas de abrangência nacional em pauta, e que reuniões entre os dois não são raras. “O governador se encontra com o Bolsonaro direto em Brasília”, revelou.

A fonte garante, no entanto, que esse encontro em específico acontece em um cenário bem mais “aliviado” em relação aos últimos. Isso porque, após uma série de falas e movimentações que intencionavam somente “apagar o incêndio” interno do PL em Goiás, causado pela disputa interna entre duas de suas maiores lideranças – o deputado Gustavo Gayer e o vereador Vitor Hugo -, Bolsonaro finalmente passou a adotar uma postura mais decisória em relação aos rumos do partido no estado – e que pode culminar, inclusive, em uma aliança com o projeto do vice-governador Daniel Vilela.

Jair Bolsonaro, durante evento na Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

O anúncio de Vitor Hugo de que ele disputará a Câmara dos Deputados em 2026, e não o Senado, como era de seu desejo, devido a um pedido do ex-presidente, ajudou a traçar um contorno mais visível da estratégia bolsonarista do PL em Goiás, que pode ter Gayer como candidato ao Senado (isto é, se o deputado não for cassado, risco levado em conta no meio político), Vitor Hugo como candidato a deputado e Wilder Morais (até então pré-candidato implícito ao governo de Goiás) no palanque em apoio a Daniel Vilela.

Nessa hipótese, a base governista bancaria a candidatura de um nome bolsonarista (Gayer, ou outro da escolha de Bolsonaro) ao lado de Gracinha Caiado, que também deve disputar uma das duas vagas ao Senado no ano que vem. Seria, portanto, uma “chapa GG”, Gayer e Gracinha.

Bolsonaro fragilizado

Contudo, ao mesmo tempo em que a relação entre Caiado e Bolsonaro parece se fortalecer, o estado de saúde do ex-presidente da República dá, novamente, sinais de fraqueza.

Nesta sexta-feira, 20, Bolsonaro teve que cancelar sua agenda prevista em Anápolis e foi internado após relatar febre e mal-estar. O motivo, segundo ele próprio, seriam complicações decorrentes das cirurgias realizadas como parte do tratamento do atentado que sofreu em setembro de 2018. Ao Jornal Opção, o vereador Vitor Hugo (PL) informou que Bolsonaro estava muito animado, mas “se sentiu mal em função dos remédios que toma para recuperação da cirurgia”.

Antes da internação, Bolsonaro participou na noite de ontem, quinta-feira, 19, de uma breve sessão solene na Câmara Municipal de Aparecida de Goiânia, ocasião em que recebeu o título de cidadão aparecidense. Normalmente enfático e veemente, o ex-presidente, ontem, estava visivelmente abatido. Em um discurso curto, agradeceu a homenagem, defendeu ações de seu governo e criticou a gestão do presidente Lula da Silva, mas sem se prolongar.

Vale lembrar que o ex-chefe do Executivo federal também foi internado em abril deste ano, chegando a passar vários dias na UTI. Na época, ele foi submetido a um procedimento cirúrgico de 12 horas para tratar uma desobstrução intestinal. Bolsonaro recebeu alta em maio, depois de mais de 20 dias de internação.

A fragilidade de Bolsonaro extrapola a esfera da saúde e atinge a política também. O ex-presidente, além de ainda estar inelegível – situação quase impossível de ser revertida -, hoje é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe.

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Fonte: Jornal Opção

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