Exposição de 25 anos de Bulacha: um mergulho na trajetória de um dos mais atuantes multiartistas goianos

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Até o dia 15 de junho, domingo, o público pode conferir na Vila Cultural Cora Coralina, no centro de Goiânia, a exposição “O peixe mata a fome, a pedra mata o homem”, que celebra os 25 anos de carreira do multiartista Jhony Robson, mais conhecido como Bulacha. A mostra é um mergulho na trajetória de um dos nomes mais atuantes da cena artística independente goiana, e apresenta telas, instalações, objetos e brinquedos que evidenciam a diversidade de linguagens e a poética singular do artista.

Com forte apelo visual, as obras se destacam pelo uso de cores intensas, elementos da cultura popular e materiais reutilizados, revelando o compromisso de Bulacha com uma perspectiva sustentável e comunitária da arte. As criações expostas traduzem a vivência de um artista que transita entre o grafite, o circo, o teatro, a produção cultural, o empreendedorismo e a música, sempre com os pés fincados na realidade urbana e no território que habita.

A curadoria da exposição é assinada pelo Espaço Independente RUMOS, que propõe uma leitura sensível da obra de Bulacha, ressaltando sua capacidade de atravessar fronteiras entre a arte e a vida cotidiana. Segundo o curador Adriano Braga, a mostra é uma celebração da criatividade como resistência.

“Bulacha é um artista da rua, do palco, da pista, da oficina. Ele cria a partir da escassez, da experiência e da coletividade. Essa exposição é um testemunho vivo de uma trajetória marcada por afeto, luta e invenção”, afirma Braga.

O título da mostra, “O peixe mata a fome, a pedra mata o homem”, sintetiza a tensão entre sobrevivência e violência, aspectos recorrentes na obra do artista. A frase, de origem popular, é ressignificada por Bulacha como um alerta e, ao mesmo tempo, um convite à reflexão sobre os caminhos possíveis da arte como prática de transformação.

Um artista múltiplo, um criador de mundos

Grafiteiro, artista circense, ator, DJ, cenógrafo, artesão de brinquedos e agitador cultural, Bulacha é um artista que transforma tudo o que toca. Sua prática mistura técnicas, referências e suportes, criando uma linguagem própria que conecta arte, educação, política e urbanidade.

“Aprendi com a vida que tudo pode virar arte: madeira jogada fora, papel rasgado, brinquedo quebrado. O importante é o olhar que se dá às coisas”, diz o artista.

Seus trabalhos carregam uma dimensão afetiva e coletiva, muitas vezes criados em oficinas, projetos sociais e espaços de convivência. A arte de Bulacha é construída com e para as pessoas, rompendo com os modelos convencionais de produção e circulação artística.

Prosperidade Cultural, território de criação e resistência

A exposição também dialoga com uma das iniciativas mais importantes de Bulacha nos últimos anos: o Bar Prosperidade Cultural, espaço fundado por ele no Beco da Codorna, coração pulsante do centro de Goiânia. Mais do que um bar, o local funciona como ponto de cultura, galeria de arte, palco, pista de dança, espaço de acolhimento e de articulação política e criativa.

Jhony Robson, Bulacha, em seu empreendimento, Prosperidade Cultura localizado no Beco da Codorna, centro de Goiânia | Foto: Guilherme Alves/ Jornal Opção

O Prosperidade é hoje um símbolo da efervescência cultural da cidade, abrigando shows, performances, feiras, exposições e encontros que fortalecem a produção artística independente e fomentam uma cena diversa e descentralizada.

“O Prosperidade é uma extensão do que eu acredito. É lugar de encontro, de criação coletiva, de resistência. É onde a arte encontra a rua, e a rua vira arte”, resume Bulacha.

Em um contexto de ameaças à cultura, gentrificação dos centros urbanos e desmonte de políticas públicas, a trajetória de Bulacha reafirma a importância de artistas que pensam a arte como ferramenta de transformação social. Com seu trabalho multifacetado e comprometido com a comunidade, ele ajuda a manter viva a chama da cultura popular, urbana e periférica.

A exposição “O peixe mata a fome, a pedra mata o homem” é, portanto, mais do que uma retrospectiva. É um manifesto visual, um retrato da potência criativa que emerge das margens e se afirma com força, cor e identidade no coração da cidade.

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Fonte: Jornal Opção

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