O Jornal Opção visitou o Centro de Saúde José do Egídio Martins e o Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da Vila União, em Goiânia, após receber denúncias de que os trabalhos nas unidades foram impactados pela falta de água, que se estende há quase dois meses. Durante a visita da reportagem nesta quinta-feira, 5, a equipe flagrou a situação de abandono no Cras.
A equipe flagrou banheiros interditados e situação de abandono no Cras: sanitários dos compartimentos de higiene pessoal estavam insalubres, faltava papel higiênico e papel toalha. Mesmo com o aviso de interdição por falta de água fixado nas portas, uma das torneiras funcionava, enquanto a outra estava seca e com uma garrafa pet dentro da pia.
Já no espaço destinado à limpeza do Cras, a reportagem encontrou um ambiente visivelmente sujo, inclusive com a tampa do esgoto danificada. Quatro baldes (com panos e água suja), um cesto de lixo vazio e uma mangueira se mesclavam com a decoração junina do pátio, ao lado de uma TV tubo (antiga) ligada no jornal, tendo como telespectadores dois bonecos e girassóis de plástico.
Apenas uma das três torneiras do tanque, assim como nos banheiros, funcionava. As demais estavam com defeito – uma sem alavanca (espécie de maçaneta usada para abrir e fechar a torneira) e a outra estava com a rosca frouxa (peça usada para dar firmeza a alavanca).
Funcionários ouvidos pela reportagem informaram que o problema se estende há quase dois meses devido à falta de reforma na caixa d’água do Cras. Ainda de acordo com os profissionais, um trabalhador compareceu à unidade na última quarta-feira, 4, informando que seria necessário fazer uma limpeza na caixa d’água (está suja) e reforçar a estrutura, devido a rachaduras e vazamentos. Porém, nada foi feito até a manhã desta quinta-feira, 5.
A situação preocupa os servidores, que acreditam que a água pode contaminar tanto os profissionais quanto a população assistida no local. O Jornal Opção entrou em contato com a Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres, Assistência Social e Direitos Humanos (Semasdh) para que se posicionasse, mas não obteve retorno.
Centro de saúde
No centro de saúde, porém, a situação flagrada se distancia da observada no Cras. Embora não houvesse produtos de higiene pessoal disponibilizados nos banheiros, as torneiras funcionam e não havia avisos de falta de água. A reportagem também conversou com colaboradores e oito pacientes – todos acompanhados de crianças que esperavam para serem vacinadas contra o vírus Influenza.
Ao serem questionados sobre a suspensão do atendimento médico e odontológico, a resposta foi unânime: não tinham conhecimento. Houve apenas relatos de episódios envolvendo grosseria por parte de funcionários da unidade de saúde.
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirmou por meio de nota que finalizou, na última quarta-feira, 4, reparos estruturais nas instalações onde o Centro de Saúde Vila União está sediado e que o abastecimento de água na unidade de saúde já foi normalizado.
“A SMS pontua que já havia realizado a aquisição e distribuição emergenciais de diversos medicamentos e insumos utilizados na assistência à saúde bucal, como anestésicos, resinas, adesivos, ácidos, sugadores, selantes, entre outros, e que estrutura a retomada de atendimentos odontológicos no local”, comunicou.
Pacote social
Na última terça-feira, 3, a coordenadora do Goiás Social e primeira-dama de Goiás, Gracinha Caiado, apresentou na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) o novo Pacote Social do Estado. Composto por dois Projetos de Lei (PLs), o pacote prevê investimento de R$ 122 milhões ainda neste ano, contemplando desde crianças com deficiência e atletas até a reforma de unidades que prestam atendimento social nos municípios.
O novo Pacote Social também cria o Equipa Social, que contemplará a infraestrutura dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas). Serão repassados R$ 100 milhões para a reforma de todos as mais de 400 unidades de assistência social nos 246 municípios goianos. A medida visa suprir a defasagem histórica nos repasses federais, que têm inviabilizado as melhorias estruturais.
“Muitos Cras e Creas estão em total precariedade. E todos os programas sociais que fazemos em Goiás são realizados por meio do CadÚnico, que é lá na ponta, nos Cras, onde as pessoas são encontradas”, disse Gracinha. “Vamos garantir que essas unidades possam ter uma melhoria na qualidade de atendimento, no sentido físico. Essa é a porta de entrada para todos os programas sociais e merece boa estrutura para receber as pessoas com dignidade e conforto”, afirmou.
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