Ida de Mendanha para o PSD mexe no jogo político e pode fazer alguém desistir do Senado. Mas quem?

Atualidades

Em comunicado divulgado à imprensa na última sexta-feira, 13, o senador Vanderlan Cardoso confirmou a filiação do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, ao PSD. A notícia surpreendeu muitos. Afinal, durante um bom tempo, Mendanha esteve a um passo de se filiar ao União Brasil, o que, no fim, não se concretizou.

A filiação foi oficializada na manhã de domingo, 15, com a presença do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, do governador Ronaldo Caiado e do próprio Vanderlan. O movimento pode representar uma guinada no tabuleiro político de Goiás. A partir de agora, o PSD passa a abrigar dois nomes com forte capital político, alta capacidade de articulação e ambos de olho em um mesmo cargo majoritário.

Não é de hoje que Vanderlan, atual vice-presidente da CCJ do Senado, manifesta sua intenção de disputar a reeleição. O senador tem percorrido o estado em articulações com aliados para fortalecer sua base. Para se ter uma ideia, só nas últimas semanas ele esteve em Santa Bárbara, Firminópolis, Novo Brasil, Anicuns, Sanclerlândia, Leopoldo de Bulhões, Silvânia e Orizona, em agendas que variaram entre entregas de equipamentos e visitas de cortesia.

Seu objetivo é se viabilizar como nome da base governista, possivelmente ao lado da primeira-dama Gracinha Caiado em uma chapa única. Internamente, a candidatura de Vanderlan em 2026 já é tratada como certa. Durante o evento de filiação, Kassab chegou a chamá-lo de “candidato natural” à reeleição. “Temos prioridade com o senador Vanderlan. Ele está gabaritado para qualquer cargo majoritário”, afirmou.

O ponto é que Gustavo Mendanha, recém-chegado ao partido, também mira o Senado. Questionado sobre os planos de Mendanha no PSD, Kassab preferiu adotar um tom cauteloso e destacou, sobretudo, a missão do ex-prefeito de fortalecer a legenda e montar chapas proporcionais.

“Gustavo Mendanha chega para somar, para organizar o partido e montar a chapa de deputados estaduais e federais”, disse Kassab, ao mesmo tempo em que não descartou nada: “Gustavo tem dimensão para ser governador, vice-governador, senador, deputado federal”.

Gustavo Mendanha assina sua filiação ao PSD, ao lado do presidente nacional da sigla, Gilberto Kassab | Foto: Bonny Fonseca/Jornal Opção

Também durante o evento, Mendanha não hesitou ao ser perguntado sobre seus planos: quer o Senado. “Claro que temos hoje já um senador que também tem esse direito [de concorrer]. Hoje podemos ter candidaturas avulsas, sabemos disso, mas vamos trabalhar para fortalecer o partido. No momento certo, discutiremos as candidaturas”, afirmou.

Recentemente, Mendanha chegou a ser especulado como possível candidato a deputado federal, hipótese que ele negou à época, reafirmando sua intenção de disputar o Senado.

Vanderlan, por sua vez, declarou que “dentro do partido, ele [Mendanha] pode construir o projeto que quiser”. E acrescentou: “Para o Senado, temos duas vagas. Estou trabalhando pela reeleição, mas tenho desprendimento”. Ao reconhecer o peso político de Mendanha, reforçou: “A pessoa que teve 25% dos votos para governador de Goiás não pode ser desprezada para qualquer cargo”.

Apesar do discurso de ambos os políticos de que “há espaço para todos”, a realidade é que uma candidatura avulsa (como mencionada por Mendanha) é improvável. Na prática, apenas um nome deve sair candidato ao Senado pelo PSD. E será esse nome que buscará o apoio do governador Ronaldo Caiado (e da estrutura política que ele vem consolidando) para a disputa de uma das duas vagas em 2026.

Na véspera do anúncio da filiação, Vanderlan, em entrevista ao Jornal Opção, chegou a mencionar, sem citar nomes, que o partido receberia alguém cuja “candidatura a deputado federal era disputada a tapa”. Se não for pura mera coincidência, isso sugere que a possibilidade de Mendanha disputar a Câmara dos Deputados não está totalmente descartada.

Assim como Mendanha, Vanderlan também reafirma sua intenção de disputar o Senado. Mas nos bastidores, há quem diga que ele poderia, sim, concorrer à Câmara. Ao falar em “desprendimento” de seu projeto, o senador deixa essa porta entreaberta.

Aproximação com Caiado

Ainda na entrevista, Kassab destacou que o PSD “tem a melhor das relações com Ronaldo Caiado” e que a filiação de Mendanha, um dos mais proeminentes aliados do governador atualmente, aproxima ainda mais a legenda do chefe do Executivo estadual. “É evidente que tudo tem seu tempo, as conversas vão acontecer”, afirmou.

Caiado, por sua vez, destacou sua longa amizade com Kassab, que remonta a 1988, e disse nunca ter tido dificuldades de diálogo com o dirigente. Sobre a chegada de Mendanha ao PSD, o governador avaliou que o movimento deve “enriquecer e facilitar” as articulações políticas do ex-prefeito.

“É um jovem político que, junto com Maguito Vilela e Daniel Vilela, faz parte da história política de Goiás. A ida para o PSD vai enriquecer e muito a capilaridade que Gustavo Mendanha tem”, afirmou.

Questionado se o evento de filiação marca o início de uma costura para o PSD apoiar seu nome à presidência da República, Caiado negou. “Respeito o partido. O PSD tem pré-candidato à Presidência. Não vamos confundir os sinais. Estamos tratando de um assunto específico de Goiás. O partido tem todo direito de lançar seu próprio candidato nacional”, concluiu.

Leia também: Gustavo Mendanha se filia ao PSD: ‘Kassab me garantiu liberdade para apoiar Daniel Vilela e Caiado em 2026’

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Fonte: Jornal Opção

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