CLAUDINEI QUEIROZ
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Uma briga após o show 200 Anos de Punk, no Centro Cultural Tendal da Lapa, em São Paulo, terminou com a morte de Helen Cristina Vitai, na noite do último domingo.
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Vídeo de uma câmera de segurança mostra duas mulheres brigando no meio de um grupo na praça Miguel Dell’Erba, na zona oeste, por volta das 22h.
A princípio, ninguém se envolve e deixa as duas brigarem. Em dois momentos posteriores, há intervenção. Quando as duas caem, Helen, 43, chega a ficar por cima da outra mulher. Nesse momento, um homem, identificado nas redes sociais como namorado da outra, a ajuda.
Minutos depois, quando a agressora imobiliza Helen no chão, outra mulher chega perto e a chuta, sendo depois tirada do local por outras pessoas, também segundo as imagens.
Somente depois é que a agressora desiste e sai do local, deixando Helen caída. Outras mulheres, então, se aproximam e a ajudam a se levantar.
Segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública), a mãe da vítima compareceu à delegacia e relatou que recebeu uma ligação de uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento) informando que a filha havia dado entrada no local, após se sentir mal.
“A vítima chegou a receber atendimento médico, mas não resistiu. Foram requisitados exames ao IML (Instituto Médico Legal) e o caso foi registrado como morte suspeita no 91º DP (Ceasa)”, disse a SSP.
Nas redes sociais, amigos de Helen, que estava desempregada, lamentaram a morte e exigiram justiça. Ela deixa uma filha de 14 anos.
À Folha de S.Paulo amigos de Helen disseram que o motivo da briga seria uma discussão nas redes sociais entre ela e uma mulher sobre a forma como esta se portava como punk.
No momento da briga, ainda segundo os amigos, Helen estaria embriagada e chegou a dizer que não teria condições de brigar com ninguém. Após o show, a mulher com quem ela teria a rusga apareceu com amigos.
Ainda segundo os relatos, a mulher que se envolveu na briga seria amiga da suposta desafeta de Helen.
Os amigos também disseram que os homens que acompanhavam a agressora não deixaram ninguém apartar o confronto, mesmo quando a vítima teve o peito pressionado pelo joelho da outra mulher.
Depois, Helen começou a passar mal e sofreu uma convulsão, ainda de acordo com os relatos à reportagem. As amigas ligaram para o Samu (Serviço de Atendimento Médico de Urgência) e começaram a fazer massagem cardíaca enquanto a equipe não chegava. Levada para a UPA, ela não resistiu.
Também nas redes sociais, coletivos de punk se pronunciaram e condenaram o episódio, que, segundo eles, piora ainda mais a imagem do movimento frente a sociedade.
Eventos que estavam programados para os próximos dias também foram cancelados, como o Sub Pop Fest, que seria realizado no próximo sábado (9), e a festa de três anos da Pindorama Punk Rock, dia 17.
O coletivo 200 Anos de Punk, que organizou o show de domingo na Lapa, lamentou a morte e condenou a violência.
“O coletivo 200 Anos de Punk é um coletivo cultural, de punks para punks. Nós repudiamos e condenamos qualquer tipo de violência de punk contra punk. Sabemos que todos gostarem de todos é uma utopia, mas todos respeitarem a todos é um objetivo a ser ainda alcançado dentro do nosso movimento. O diálogo deveria ser sempre o caminho. Desde o início, o movimento punk, infelizmente, é marcado por episódios de violência e isso só nos afasta uns dos outros, fecha espaços e enfraquece a nossa cena”, diz a nota publicada nas redes sociais.
A UMP (União do Movimento Punk) também se pronunciou e repudiou a morte, destacando que o episódio “expôs a fragilidade da união que a duras penas foi construída ao longo de anos”.
“Que os responsáveis sejam punidos e excluídos da cena Punk! Isso não deve se repetir jamais! Nossas condolências a família e amigos de Helen Cristina Vitai! Com tantos inimigos ideológicos não devemos praticar qualquer tipo de violência de punk vs punk! Isso só nos põe na mira do sistema e diminui nossa força como movimento libertário e igualitário!”, postou a UMP.
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