A parábola do fermento inspirou a mensagem do Papa aos missionários mexicanos: “Nosso tempo se apresenta como uma pedra de moinho na qual as dores da pobreza, as divisões sociais, os desafios das novas tecnologias e os desejos sinceros de paz continuam sendo triturados como novas farinhas que correm o risco de fermentar com o fermento ruim. Por isso, o Senhor chama vocês, missionários de hoje, a serem as mãos da Igreja que colocam o fermento do Ressuscitado na massa da história”
Vatican News
É preciso estar disposto a colocar as mãos na massa do mundo! Esta foi a exortação feita pelo Papa Leão aos participantes do XVII Congresso Missionário Nacional do México, em andamento de 6 a 9 de novembro na cidade de Puebla de los Ángeles.
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A mensagem do Pontífice foi inspirada na parábola do fermento contida num único versículo no Evangelho de Mateus, na qual o Senhor, por meio de uma imagem doméstica, revela a maneira como sua Palavra se expande na história: “O Reino dos Céus é semelhante a um pouco de fermento que uma mulher mistura com grande quantidade de farinha, até que toda a massa fermente” (Mt 13,33). O fermento de que Jesus fala, explicou o Santo Padre, era diferente dos fermentos secos ou industriais que hoje se utilizam para cozer. Naquela época, guardavam-se pequenos pedaços da massa dos dias anteriores, já fermentada, que, ao serem misturados com farinha nova e água, faziam fermentar toda a massa.
São Jerônimo identifica a mulher da parábola com a própria Igreja, que, com paciência, é capaz de integrar a fé na história e nas culturas dos povos, até transformá-las por dentro:
“Assim também aconteceu no México. O fermento do Evangelho chegou nas mãos de poucos missionários. Eram as mãos da Igreja, que começariam a amassar o fermento que traziam consigo — o depósito da fé — com a farinha nova de um continente que ainda não conhecia o nome de Cristo. Ao se integrarem, deu-se início ao lento e admirável processo de fermentação. O Evangelho não apagou o que encontrou, mas o transformou. Toda a incrível riqueza dos habitantes daquelas terras — línguas, símbolos, costumes e esperanças — foi amassada com a fé, até que o Evangelho criou raízes em seus corações e floresceu em obras de santidade e beleza únicas.”
Naquele amanhecer da fé, prosseguiu o Papa, Deus concedeu à Igreja um sinal de perfeita inculturação através de Nossa Senhora de Guadalupe. A sua mensagem tornou-se impulso missionário. Os primeiros evangelizadores — diocesanos, franciscanos, dominicanos, agostinianos e jesuítas — assumiram com fidelidade a tarefa de fazer o que Cristo ordenava. Onde pregaram, a fé prosperou e, com ela, a cultura, a educação e a caridade. “Assim, pouco a pouco, a massa continuou a fermentar e o Evangelho tornou-se pão capaz de alimentar a fome mais profunda daquele povo.”
De modo especial, Leão XIV citou a figura do beato Juan de Palafox y Mendoza, pastor e missionário que entendeu seu ministério como serviço e fermento, cuja memória continua viva, como o próprio Pontífice testemuinhou ao visitar Puebla como Prior-Geral dos Agostinianos.
“Nosso tempo se apresenta como uma pedra de moinho na qual as dores da pobreza, as divisões sociais, os desafios das novas tecnologias e os desejos sinceros de paz continuam sendo triturados como novas farinhas que correm o risco de fermentar com o fermento ruim (cf. Mt 16,12). Por isso, o Senhor chama vocês, missionários de hoje, a serem as mãos da Igreja que colocam o fermento do Ressuscitado na massa da história, para que a esperança volte a fermentar.”
O Pontífice concluiu fazendo votos de que Nossa Senhora de Guadalupe, Estrela da evangelização, acompanhe os missionários mexicanos sempre com sua ternura de Mãe, indicando-lhes o caminho que leva a Deus: “Com afeto, concedo-lhes de coração minha bênção, assegurando-lhes minha oração e proximidade. Continuem trabalhando com fidelidade, até que ‘toda a massa fermente’”.

