Milhares de fiéis da Arquidiocese de Nampula, norte de Moçambique, peregrinaram ao Santuário Maria Mãe do Redentor, em Meconta, num fim-de-semana, com via-sacra, procissão de velas e Missa. Na homilia de encerramento deste domingo, 17 de agosto, o Arcebispo Dom Inácio Saúre alertou para o aumento do consumo de drogas entre jovens, sobretudo em Nampula e Sofala, e clamou: “Basta, parem de destruir Moçambique”, apontando caminhos de conversão, esperança e compromisso comunitário.
Cremildo Alexandre – Nampula, Moçambique
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A Arquidiocese de Nampula viveu, no último fim-de-semana, a tradicional peregrinação ao Santuário Maria Mãe do Redentor, em Meconta, que reuniu milhares de fiéis em ambiente de oração, cânticos e acção de graças. A programação contou com via-sacra, procissão de velas e Missa presidida pelo Arcebispo Dom Inácio Saúre, que convidou os cristãos a reforçar a esperança e a vida de fé em comunidade.
Na homilia de encerramento, neste domingo, 17 de agosto, Dom Inácio manifestou profunda preocupação com o consumo de drogas entre jovens e adolescentes, com destaque para as províncias de Nampula e Sofala. “Basta, parem de destruir Moçambique”, exortou, pedindo coragem para denunciar redes que alimentam a dependência e para ampliar a prevenção, o acompanhamento e a recuperação dos que sofrem. O prelado alertou para as consequências sociais e familiares do fenómeno e apelou a uma resposta conjunta: famílias, escolas, comunidades e autoridades.
Inspirado na Assunção de Maria, recordou o magistério de Pio XII e a esperança que brota da fé: “Maria, elevada ao Céu por graça de Deus, aponta-nos caminhos de conversão e vida nova”. Comentando a leitura do Apocalipse, Dom Inácio sublinhou que, perante perseguições e blasfémias, a resposta cristã não é a vingança, mas o perdão e a caridade, seguindo o exemplo de Cristo na Cruz: “Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem”.
O Arcebispo alargou o olhar às feridas do país, lembrando o sofrimento em Cabo Delgado, a exploração de jovens e mulheres e a necessidade de combater todas as formas de violência e tráfico. “A Virgem Maria chora com o seu povo”, disse, pedindo oração perseverante e compromisso concreto: oportunidades de estudo, trabalho digno e vida comunitária que salvem a juventude do desespero e das dependências.
Os peregrinos entrevistados destacaram que a caminhada serviu para rezar, pedir perdão e agradecer a Deus, levando para casa a mensagem central da celebração: converter o coração, proteger a juventude e cuidar do bem comum. “Meconta lembra-nos que a fé muda a vida quando se torna gesto”, concluiu Dom Inácio, confiando a Arquidiocese à protecção de Maria, Mãe do Redentor.