(FOLHAPRESS) – Último time brasileiro a entrar em campo nas oitavas de final da Copa do Mundo de Clubes, o Fluminense terá pela frente a Inter de Milão, de Lautaro Martínez, nesta segunda-feira (30), às 16h (de Brasília), no Bank of America Stadium, em Charlotte.
O técnico Renato Gaúcho sabe que o favoritismo é da equipe italiana, vice-campeã europeia. Mas usa uma recordação de 30 anos para encorajar seus jogadores nos Estados Unidos.
“A motivação que falo para os meus jogadores é: ‘Eu fiz história com o gol de barriga, entrei para a história do clube, o jogador de futebol entra para a história ganhando títulos’. Essa é a motivação deles, essa é a motivação que passo para eles”, afirmou.
A referência é à partida decisiva do Campeonato Carioca de 1995, que completou três décadas na última quarta (25). Na ocasião, o time das Laranjeiras também não era o favorito, com um elenco que sofria com salários atrasados e um jejum de títulos de uma década.
Renato Gaúcho, então um experiente atacante de 32 anos, era um dos principais nomes do Fluminense, sob o comando de Joel Santana. O adversário era o Flamengo, que celebrava seu centenário, jogava pelo empate e tinha em campo os campeões mundiais Romário e Branco, sob direção de Vanderlei Luxemburgo.
Depois de ter aberto vantagem de 2 a 0 em um Maracanã com mais de 120 mil torcedores -Renato marcou o primeiro gol e deu o passe para Leonardo no segundo-, o Fluminense viu o rubro-negro empatar com Romário e Fabinho.
Perto do fim da partida, aos 41 minutos, Ailton fez jogada pela direita e bateu na direção da pequena área. Renato só teve tempo de escorar a bola com a barriga, fazendo um gol que classifica como “importantíssimo, mas muito esquisito”.
“Não adianta jogar quatro, cinco, dez anos em um clube e não ganhar nada. Você não fez história naquele clube. Você vai fazer história no momento em que der a volta olímpica, em que botar a faixa no peito. Esse papo tenho com os jogadores praticamente todos os dias”, afirmou Renato, agora treinador tricolor.
“O jogador de futebol tem que ter esse pensamento de sempre querer ganhar, sempre respeitando o adversário, obviamente. Mas ele não pode se acomodar com derrotas. Nem com vitórias”, acrescentou o gaúcho.
Renato retornou ao Fluminense em abril, em substituição a Mano Menezes, para sua sétima passagem como técnico da equipe tricolor. Agora, ao lado do espanhol Pep Guardiola, é o único homem a ter participado do Mundial nas versões Copa Intercontinental, Mundial de Clubes e Copa do Mundo de Clubes.
“Uma das razões para que eu voltasse para o Fluminense foi esta Copa do Mundo. Estou tendo o maior prazer de estar aqui juntamente com meu grupo, representando da melhor maneira possível o nosso clube para o mundo todo”, afirmou.
Renato comandou o Fluminense pela primeira vez em 1996, conciliando as funções de jogador e técnico. Não conseguiu evitar que o time terminasse o Campeonato Brasileiro na zona de rebaixamento, embora o descenso tenha sido anulado em manobra da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).
Como treinador, o gaúcho tem um título no Fluminense, o da Copa do Brasil de 2007 -Roger, hoje treinador do Internacional, marcou o gol decisivo, contra o Figueirense. Ele também comandou o vice-campeonato na Copa Libertadores de 2008, com derrota na final para a LDU.
O gol de barriga é considerado por Renato um dos mais importantes da carreira, atrás apenas dos dois na final da Copa Intercontinental, em 1983, no jogo que deu o título ao Grêmio contra o Hamburgo.
Como técnico, ele defendeu o Grêmio no Mundial de 2017, quando a disputa incluía os campeões das seis confederações continentais e o representante do país-sede, com sul-americanos e europeus entrando nas semifinais. Com Geromel, Kannemann e Luan, o tricolor gaúcho venceu o Pachuca e perdeu a decisão para o Real Madrid, com gol de Cristiano Ronaldo.
“O mais importante de tudo é o privilégio de ter disputado os três Mundiais. Eu me sinto uma pessoa bastante privilegiada.”
Guardiola também participou das três versões da competição -a primeira vez como jogador do Barcelona, perdendo para o São Paulo de Raí e Telê Santana, em 1992; depois como técnico, sagrando-se campeão com o Barcelona, em 2009 e 2011, com o Bayern, em 2013, e com o Manchester City, derrotando o Fluminense, em 2023.
Classificado em primeiro em seu grupo e um dos favoritos ao título, o City enfrentará o Al Hilal nas oitavas de final, também nesta segunda, e poderá voltar a cruzar o caminho do Fluminense, caso as duas equipes avancem às quartas.
Leia Também: Guardiola rebate Klopp e defende novo Mundial de Clubes da FIFA
Leia Também: Botafogo demite Renato Paiva após 23 jogos e eliminações decisivas