Zé Délio: “Caiado tem chances reais de chegar ao segundo turno, e Daniel pode alcançar uma vitória já no primeiro”

Atualidades

Em outubro de 2024, José Délio Alves Júnior, o Zé Délio, do partido União Brasil, foi reeleito prefeito de Hidrolândia com 100% dos votos válidos. O município, localizado na Região Metropolitana de Goiânia e conhecido como a “capital da logística” de Goiás, foi o maior do estado a ter candidatura única no último pleito – e não por acaso: levantamentos realizados no ano da reeleição apontaram uma aprovação superior a 90% do gestor.

Natural de Hidrolândia e com apenas 36 anos, Zé Délio é fortemente ligado ao governador Ronaldo Caiado – nome que defende com entusiasmo para a disputa presidencial de 2026 e que considera um político de “linha municipalista”. Ele é hoje uma peça-chave na articulação entre o Palácio das Esmeraldas e os prefeitos goianos.

Zé Délio também preside a Associação Goiana de Municípios, a AGM, e afirma estar percorrendo todos os cantos do estado para ouvir, um a um, os prefeitos. Ele garante que visitará os 246 municípios de Goiás. Nesta entrevista, o prefeito de Hidrolândia fala sobre seus planos políticos, as principais conquistas e os desafios atuais do município, que vive um boom de crescimento impulsionado pelos polos logísticos da região. Zé Délio também aborda as demandas dos municípios representados pela AGM em discussões de temas fundamentais para a população goiana.

Ton Paulo – O senhor esteve recentemente em um evento muito importante em Brasília, a Marcha dos Prefeitos. Inclusive, o governador Ronaldo Caiado esteve presente e foi aplaudido. Qual a importância desse evento para as demandas municipalistas?

Trata-se da 26ª marcha promovida pela CNM, a Confederação Nacional dos Municípios. Uma entidade classista que representa os municípios. Ela tem, hoje, 97% dos municípios brasileiros filiados. São mais de 5.250 filiados. E a diferença é que, diante de outras instituições em nível nacional, como a Frente Nacional de Prefeitos, que representa somente grandes cidades grandes, a CNM representa a Marcha dos Municípios brasileiros.

A CNM promove o evento há 26 anos. É o maior encontro de prefeitos que existe no Brasil e é um momento de despertar das autoridades, do Judiciário, do Legislativo, do Executivo, que mostrar que estamos insatisfeitos com algum tema, com algum problema. Porque aquela máxima de que o povo vive nos municípios é real. E, nesse sentido, nós temos que buscar melhorias, pois a pirâmide está invertida. Hoje, temos a maior concentração de riqueza em Brasília e os municípios que deveriam ter a maior concentração, não têm.

O prefeito tem o problema do buraco, iluminação pública, saúde, educação. Ele tem que gerir todos os programas do governo federal e do governo estadual. Todos. Somos nós que gerimos. Não tem, dentro do município, alguém do Executivo federal. Portanto, essa marcha tem como intuito mostrar que temos voz.

São centenas de pautas, mas precisamos definir as prioritárias. Agora, definimos uma delas como a PEC 66.

Ton Paulo – Quais serão os efeitos dessa PEC, se aprovada no Congresso?

A PEC 66 é uma proposta de emenda à Constituição que aborda três vertentes principais. Ela reúne três demandas dos municípios em um único projeto, com o objetivo de regulamentá-las.

A primeira trata das dívidas dos municípios com a União, especialmente as previdenciárias, vinculadas à Receita Federal. A proposta busca alterar o indexador dessas dívidas: em vez da Selic, passaria a ser utilizado o IPCA mais 4%. Além disso, pretende-se ampliar o número de parcelas para reduzir o comprometimento mensal do orçamento municipal.

Com a PEC 66, buscamos justamente isso, estender aos regimes próprios dos Estados e municípios as regras da reforma feita pela União. A Reforma Previdenciária nos municípios seria, assim, uma forma de suprir essa lacuna deixada pela reforma federal

A segunda vertente da PEC 66 trata da reforma da Previdência. A reforma realizada pelo Governo Bolsonaro, em âmbito federal, não teve efeito cascata sobre estados e municípios, o que é algo inédito. Isso gerou uma disparidade: em uma cidade, o servidor se aposenta com determinada idade; na cidade vizinha, com outra. Isso deveria ter sido balizado. A reforma deveria ter se estendido aos demais entes federativos, como sempre ocorreu.

Com a PEC 66, buscamos justamente isso, estender aos regimes próprios dos Estados e municípios as regras da reforma feita pela União. A Reforma Previdenciária nos municípios seria, assim, uma forma de suprir essa lacuna deixada pela reforma federal. Eu, por exemplo, já fiz a minha reforma em Hidrolândia e estou tranquilo. Mas e os municípios que não conseguiram implementá-la, por falta de aprovação no Legislativo local? Pela primeira vez, cada ente federativo ficou responsável por decidir se faria ou não a reforma e isso não é adequado.

Zé Délio, prefeito de Hidrolândia, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Todas as reformas anteriores, tanto da Constituição quanto da Previdência, sempre se aplicaram a todos os entes e servidores, abrangendo tanto os regimes próprios quanto o regime geral.

A terceira vertente da PEC 66 trata dos precatórios, que um dos maiores desafios enfrentados pelos municípios. Assim como nas dívidas previdenciárias, a proposta é substituir o indexador Selic pelo IPCA mais 4%, além de aumentar o prazo de pagamento, o que possibilita a amortização da dívida em condições mais suaves.

Além disso, estamos trabalhando, a AGM [Associação Goiana dos Municípios] e a FGM [Federação Goiana dos Municípios], conjuntamente, para inserir uma nova proposta na PEC 66, por meio de uma emenda apresentada pela deputada Flávia Morais, líder da bancada goiana. A ideia é considerar a merenda escolar como parte do investimento em educação, dentro dos 25% obrigatórios da receita municipal.

Hoje, esse gasto com merenda não é contabilizado como investimento em educação, embora seja essencial. Os municípios recebem um valor X por aluno, que varia de acordo com a idade. Na creche, por exemplo, o valor é pouco mais de um real; no ensino fundamental, é menos de um real. Esses valores são insuficientes. Um aluno em período integral ou em uma creche pode demandar entre 4 a 5 reais por dia em alimentação. E a alimentação escolar é algo complexo e de extrema importância para os municípios.

Italo Wolff – O senhor considera que a marcha ajudou a apressar a tramitação da PEC 66?

O governo, sempre que ocorre a Marcha [dos Prefeitos], já analisa nossas pautas e identifica o que é prioridade, antecipando anúncios para não ficar mal com os gestores. Por isso, sabemos que todo ano há algum avanço. Neste ano, por exemplo, o governo já sinalizou que a PEC 66 será aprovada — tanto que a comissão já está em Goiânia e a votação deve acontecer em breve.

É importante lembrar que, sendo uma PEC, ela exige duas votações na Câmara e duas no Senado. Como se trata de uma mudança constitucional, o texto vai e volta entre as Casas. Já foi aprovado no Senado, sofreu alterações na Câmara e, por isso, precisa retornar ao Senado.

Portanto, é algo que deve se estender até o fim do ano para ser totalmente aprovado. Ainda assim, estamos otimistas. A Marcha teve um papel importante nesse avanço, e conseguimos expor de forma clara as realidades dos municípios.

Agora, é importante dizer: a PEC ajuda? Não exatamente. Ela traz novos recursos? Também não. O que ela faz, na prática, é adiar problemas — ela dá um certo alívio momentâneo, trazendo governabilidade no presente, mas não resolve as causas estruturais. E, para uma solução de fato, é preciso mexer no FPM [Fundo de Participação dos Municípios] e na reforma tributária. Essas mudanças são fundamentais.

Italo Wolff – O FPM ainda representa a maior parte da verba dos municípios? Ele perdeu relevância?

Ainda para 85% dos municípios brasileiros o FPM é a receita preponderante. Ele só não é muito importante para os grandes e médios municípios, ou para municípios que têm algum tipo de potencial de mineração ou alguma indústria que puxa o ICMS ou a arrecadação local. Para Goiás, 90% dos municípios vivem de FPM e isso é uma realidade triste.

Há quem diga “Ah, se não fizerem a isenção do imposto de renda, a população será prejudicada”. Realmente. Não somos contra a isenção do imposto de renda para 5 mil reais. Somos a favor.

Entretanto, é como diz o velho ditado: estão fazendo graça, ou melhor, favor com o chapéu alheio. Por quê? Porque o que compõe o FPM são duas fontes principais, o Imposto de Renda e o IPI [Imposto sobre Produtos Industrializados]. Toda vez que o governo anuncia alguma medida, geralmente envolve a redução do IPI para incentivar a compra de carros, aquecer o consumo e movimentar a economia. Mas ele esquece que o IPI é justamente uma das bases do FPM. E ele também compõe o FPE [Fundo de Participação dos Estados], que depende tanto do IPI quanto do IR.

Zé Délio, prefeito de Hidrolândia, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

No caso do IR, foi aprovada isenção total para rendas até R$ 5 mil, e isenção parcial entre 5 mil e 7 mil reais. Isso é um absurdo, e não porque sejamos contra beneficiar a população. Muito pelo contrário, é ótimo para o povo, e nós defendemos isso. O problema é outro: onde está a compensação para os municípios? Porque, na prática, o governo dá com uma mão e tira com a outra. O que isso significa? Que vai faltar recurso lá na ponta: no posto de saúde, na vaga da creche, na iluminação pública, na manutenção urbana, no asfalto, na jardinagem e por aí vai.

Então, não adianta anunciar benefícios sem mostrar o subsídio correspondente. É por isso que defendemos, por exemplo, a proposta de acréscimo de 1,5% no FPM no mês de março. Essa é uma das nossas pautas: garantir um reforço, um plus no repasse aos municípios. Hoje, como funciona? O FPM é repassado mensalmente, e todas essas conquistas foram fruto de marchas anteriores, articuladas pela CNM.

Ton Paulo – Sobre a questão dos aterros sanitários, que tem sido tema de debate aqui no estado há bastante tempo, gostaria de saber como está o andamento desse processo. Recentemente, ocorreram algumas reuniões envolvendo o senhor, o Paulo Vitor e a secretária de Meio Ambiente. Também houve um encontro com a participação de quase todos os prefeitos do Estado, além do governador e do prefeito Sandro Mabel. Essas discussões giram em torno do estudo que está sendo conduzido pelo BNDES, voltado à análise da viabilidade da valorização e do tratamento por etapas do lixo. Em que estágio está esse estudo do BNDES? Como ficará a situação dos municípios?

A população precisa que essa questão seja resolvida. Embora as pessoas não pensem na destinação final do lixo, e ninguém pareça preocupado em saber para onde vai o lixo que consome, nós, gestores, temos a obrigação legal de encontrar uma solução. Primeiro, cabe salientar que isso não é algo recente. Há quase três anos, o governo do Estado assumiu a responsabilidade estadual sobre três pautas principais: água, esgoto, que juntas resumem o saneamento, e lixo.

Nós temos a posição de que a coleta [do lixo] tem que continuar com os municípios. E não queremos terceirizar, porque entendemos que vai ficar mais caro. E quem vai pagar esse preço são os municípios e o povo

Para isso, foi criada uma legislação estadual que conferiu ao Estado a competência para atuar nessas três áreas. Assim, foi instituída a famosa lei das microrregiões, que divide o estado em três regiões: Leste, Oeste e Centro. Essas regiões passaram a ser responsáveis pela operação dessas três funções. Por que isso foi feito? Porque os municípios de médio e grande porte têm condições reais de gerir as demandas relacionadas à água, esgoto e lixo. Já os municípios de pequeno porte não têm essa capacidade para sobreviver nesse cenário.

Considerando essa realidade, o governo buscou fortalecer, inclusive, a nossa empresa pública, a Saneago, para que ela pudesse cumprir um papel mais humanitário, levando água para todo o Estado. Foi com esse objetivo que a lei das microrregiões foi criada. Além disso, essa iniciativa está alinhada à lei federal do saneamento básico, que funciona como um arcabouço regulatório.

Portanto, é importante contextualizar para que todos entendam que essa questão não surgiu agora, nem durante este mandato, nem é exclusiva de um município, seja Aparecida, Anápolis ou outro. Trata-se de uma história longa, que já foi debatida amplamente, inclusive por deputados e prefeitos da época, e que foi se desenvolvendo ao longo do tempo.

Talvez Hidrolândia e mais 20 municípios sejam muito mais prejudicados do que Goiânia. Por quê? Porque eu estou dentro da lei. Não tenho nenhuma pendência a cumprir, nenhuma ação judicial relacionada a isso. Está tudo certo. “Ah, mas o senhor vai manter o aterro do município?”. Sim, vou manter até a decisão final dos comitês gestores das microrregiões, que agora são os responsáveis por definir. Até que o comitê diga: “Tudo bem, com a terceirização, o aterro de Hidrolândia vai receber resíduos de Professor Jamil, ou de outro município”. Pode ser que essa decisão aconteça, e ela será cumprida. Essa é a lei.

Então, o inocente pode acabar pagando pelo pecador? Pode ser que sim. Mas estamos pensando em uma solução macro. Estou na entidade não apenas para defender meu município, mas para representar todos os municípios e os 7 milhões de goianos. É uma medida drástica, complicada. Mas, se você analisar meus municípios vizinhos, com exceção de Bela Vista, que também tem licença, todos os outros ou estão com lixões, ou enviam para lixões privados, ou ainda depositam em locais inadequados, em desacordo com a legislação federal.

Ton Paulo – E como está o andamento do estudo?

Ainda nem começou. Após aquela reunião que deliberou pela realização do estudo, é que se iniciou o processo. E agora é esse estudo que vamos acompanhar. O que precisa ser destacado? É importante entender que estamos falando de três etapas: coleta, transbordo e destinação final. Coleta é o serviço de passar na porta das casas. Transbordo é o processo necessário para municípios que não têm aterro, onde os resíduos ficam armazenados temporariamente antes de serem transportados para outro município com estrutura adequada. Destinação final é o aterro em si.

Zé Délio, prefeito de Hidrolândia, em entrevista aos jornalistas Ton Paulo e Italo Wolff, do Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

O transbordo é a parte mais cara da operação, e muitos municípios não têm condições de arcar com esse custo. Para um município do Norte do Estado, o custo para transporte é altíssimo, mais caro do que a própria coleta. Por isso, o estudo vai analisar essas situações em nível macro.

A ideia é definir uma taxa única e regional para o lixo. Qual é a minha visão? A coleta não deve entrar nessa nova licitação do Estado. Por quê? Porque muitos municípios pequenos já estão estruturados. Um município com 2 mil habitantes, por exemplo, já recebeu emenda parlamentar para adquirir um caminhão compactador. Ele faz a coleta em poucas horas, duas ou três vezes por semana. É simples e funciona.

Se incluirmos essa coleta no contrato regionalizado, a taxa vai ficar mais cara e não é isso que queremos. Além disso, defendo que o valor da taxa precisa ser dividido de forma proporcional aos custos de cada etapa. O estudo precisa identificar quanto custa cada fase: a coleta inicial, o transbordo e a destinação final, considerando o custo por quilo ou tonelada. Por que isso é importante? Porque a divisão da taxa deve ser justa.

Ton Paulo – Mas não soa um pouco estranho que a mesma empresa contratada pelo BNDES para conduzir o estudo, segundo o documento ao qual tivemos acesso, seja também aquela que se coloca à disposição para operar o manejo dos resíduos em vários outros locais? Porque seria a mesma empresa interessada na terceirização desses serviços.

Eu não tenho conhecimento disso. Nós só temos conhecimento que é público, que o BNDES que está fazendo isso tudo. Eu não estou sabendo de outra empresa que vai fazer. Vou reiterar mais uma vez. Eu tenho um aterro e não vou colocar em nenhum aterro particular. O meu vai continuar existindo. O que pode acontecer é pedirem para que ele seja expandido para receber mais resíduos.

Nós temos a posição de que a coleta tem que continuar com os municípios. E não queremos terceirizar, porque entendemos que vai ficar mais caro. E quem vai pagar esse preço são os municípios e o povo. O povo não pode ser mais penalizado.

Italo Wolff – Algum tempo atrás, fizemos algumas matérias sobre habitação, e Hidrolândia se destacou como uma das cidades sem déficit habitacional, com o maior bônus. Os entrevistados disseram que isso se deve ao aproveitamento de programas federais. O senhor, como presidente da AGM, atua também assessorando os prefeitos para que tenham acesso a esses programas federais e estaduais com o objetivo de enfrentar o déficit habitacional?

Em Hidrolândia, ainda existe um déficit habitacional muito grande. São mais de mil unidades. Qual é o diferencial da nossa cidade? Vale destacar que Hidrolândia está entre as três cidades que mais cresceram em Goiás, segundo o último Censo. Tínhamos 17 mil habitantes em 2010, e hoje temos cerca de 29 mil. No último levantamento, ultrapassamos a marca dos 30 mil habitantes. Ou seja, a cidade explodiu em crescimento.

Por quê? Hoje, Hidrolândia é considerada a capital goiana da logística. As grandes empresas e os principais players do mercado logístico nacional estão instalados no nosso município. A Shopee, o Magazine Luiza, a Drogaria Pacheco, a Pague Menos, a Drogasil, a Casas Bahia, o Ponto Frio e a Casa do Pica-Pau, entre outros, estão presentes por aqui.

Esse movimento tem atraído pessoas de várias regiões, o que aumenta a demanda por transporte coletivo e incentiva a fixação dessas pessoas no município. Elas alugam imóveis, trazem familiares, migram de outros estados. Hidrolândia se tornou um polo por conta da sua localização geográfica privilegiada e do nosso trabalho na atração de empresas.

Zé Délio, prefeito de Hidrolândia, em entrevista ao Jornal Opção | Foto: Guilherme Alves/Jornal Opção

Nesse contexto, o déficit habitacional cresce continuamente. Ele dificilmente será zerado. Porém, graças a uma gestão prudente, conseguimos nos preparar. Economizamos recursos públicos, adquirimos terrenos e nos antecipamos às demandas habitacionais. Participamos de todos os editais da Agehab com pontuação máxima, porque o gestor precisa ser competente e estar preparado.

Quando percebi que o atual governo federal voltaria a investir no programa Minha Casa Minha Vida, me antecipei: adquiri terrenos e deixei tudo pronto, sabendo que a política habitacional seria uma das prioridades. Com essa visão, conseguimos diversas casas da Agehab.

Destaco ainda que, no meu segundo ano de mandato, tive a honra de receber a primeira casa entregue a custo zero no estado de Goiás, em nosso município. Na ocasião, o governador recebeu 76 prefeitos para visitar a casa-modelo do projeto que seria desenvolvido no restante do estado. Fomos o primeiro município habilitado, com toda a documentação pronta, áreas regulares e infraestrutura básica garantida. Asfalto, meio-fio, calçadas. Hoje, já concluímos a primeira etapa com a Agehab, realizamos novos módulos e ainda temos mais por vir.

Em Hidrolândia, ainda existe um déficit habitacional muito grande. São mais de mil unidades

Italo Wolff – E como a AGM tem chegado aos municípios?

Como presidente da AGM, estou fazendo o que nunca foi feito: realizando visitas semanais aos municípios, levando informações e orientações, despertando a atenção tanto de novos prefeitos quanto de reeleitos.

Pergunto: “Você já conseguiu o recapeamento? Já deu entrada nos programas habitacionais? Como estão os seus terrenos? E a situação da patrulha mecanizada? Tem algum projeto na Suvisa? Precisa de apoio? Como está seu ICMS Ecológico?” Esse tipo de acompanhamento é fundamental.

A AGM conta com uma equipe técnica capacitada para auxiliar. Esse é o papel da entidade: garantir que todos os 246 municípios tenham acesso aos programas dos governos estadual e federal, além de promover a intermediação quando necessário. Se um município está com problema no TCM, por exemplo, a gente marca audiência. Se precisa destravar recursos no FNDE, resolver pendências com obras de escolas ou desbloquear pagamentos, estamos prontos para agir. Esse é o propósito da entidade.

Ton Paulo – Um ponto que atrai muito o empresariado para Hidrolândia é a agilidade na expedição de licenças, correto?

Sobre Hidrolândia, nossa administração é focada no empreendedorismo, com a descentralização da questão ambiental: hoje, todo o licenciamento é feito diretamente no município. Isso não é para afrouxar normas, mas para dar celeridade. Afinal, uma secretaria estadual precisa cuidar de 200 municípios, enquanto o município, com profissionais dedicados exclusivamente a essa missão, consegue agir muito mais rápido. E o empresário percebe essa agilidade.

Quanto à Suvisa [Superintendência de Vigilância em Saúde], há uma diferença grande entre a Suvisa estadual e a municipal. Investimos mais de 20 mil reais por mês para mantê-la localmente, mesmo sabendo que a arrecadação em taxas é de apenas 5 mil reais. Apesar de gastar três ou quatro vezes mais do que arrecadamos, esse investimento é fundamental para garantir agilidade no atendimento.

O prazo de inspeção do alvará varia, dependendo da situação. A Suvisa atua em etapas: inicialmente, analisa o projeto de engenharia antes da obra começar, verificando por exemplo se o corredor está estreito, se o banheiro está no lugar crreto. Para isso, é necessário ter arquiteto e engenheiro no quadro da Suvisa municipal para aprovar os projetos. Depois, há a fiscalização, que inclui o alvará anual, que pode ser provisório até que tudo esteja adequado, podendo conter condicionantes. Investimos nesse processo para garantir agilidade, pois estamos falando de grandes empresas que armazenam mercadorias para toda a região Centro-Oeste.

Como presidente da AGM, estou fazendo o que nunca foi feito: realizando visitas semanais aos municípios, levando informações e orientações, despertando a atenção tanto de novos prefeitos quanto de reeleitos

Hoje, as lojas físicas e shopping centers tradicionais perderam espaço para os centros de distribuição, os CDs, e plataformas digitais. Compras são feitas online, mas precisam de locais estratégicos para armazenamento e entrega rápida. Aqui em Hidrolândia está o “shopping” do futuro, ou seja, centros logísticos de alta tecnologia, que substituem as compras físicas.

Italo Wolff – E há mão de obra qualificada para atender aos novos polos do município?

Hoje, temos um trabalho muito próximo e produtivo com o Senai e o Sebrae. Realizamos palestras e oferecemos cursos de capacitação semanalmente. Também contamos com a Central Mais Emprego, onde o município divulga vagas disponíveis, facilitando a oferta de oportunidades.

Recentemente, firmamos parcerias com o IEL, SESI e Senai para mostrar à população que, apesar da existência de vagas, o mercado está cada vez mais exigente e requer profissionais qualificados. Por isso, temos investido nessas parcerias para preparar melhor os trabalhadores.

É importante ressaltar que Hidrolândia hoje é conhecida como a cidade dos condomínios fechados. Ela não possui apenas vocação logística; atualmente, já temos 21 condomínios aprovados, todos de alto padrão.

No pós-pandemia, as pessoas não querem mais morar em apartamentos fechados e restritos. Elas preferem viver em uma cidade do interior próxima a Goiânia, diferente daquela antiga ideia de segunda residência, em que se ia no fim de semana: “Vou sábado à noite, fico até domingo à tarde e volto.”

Hoje, a realidade é outra: as pessoas moram aqui e trabalham em Goiânia. Eu mesmo vivi essa experiência: estudei em Goiânia e ia e voltava todos os dias. Chegar à capital é muito rápido e fácil. Há bairros em Goiânia onde o acesso à parte administrativa é mais complicado do que vindo de Hidrolândia.

Qual é a única cidade da região em que, ao sair da prefeitura local, você já entra na prefeitura de Goiânia sem sequer encontrar um semáforo? Nenhuma! Eu saio da prefeitura de Hidrolândia, entro direto na Assembleia Legislativa, o Poder Legislativo estadual, e também não há semáforo no caminho. Por isso, nossa cidade tem uma vocação natural para ser integrada à área administrativa de Goiânia.

Italo Wolff – Estamos nos aproximando de 2026. Quais são os planos políticos do senhor? O senhor estará com Caiado e Daniel Vilela?

Sou muito ligado ao governador Ronaldo Caiado. Tive a honra de ser um dos únicos dois goianos a discursar no evento dele em Salvador, durante o lançamento da sua pré-candidatura. Falei em nome de todos os prefeitos goianos, enquanto o Bruno Peixoto falou em nome dos deputados. Nenhum outro goiano falou naquela oportunidade.

Nossa proximidade é grande, e eu sou um apoiador do governador Ronaldo Caiado porque ele tem todas as credenciais para estar onde deseja: a presidência da República. Em 1989, ano em que nasci, ele já teve a oportunidade de ser candidato a presidente, mesmo sem ter sido nem candidato a vereador. Ele é experiente, já foi visto e conhecido, e há 36 anos participava de debates com Lula, estava presente na política.

Hoje a política está em sua prova final. Quem passará nesse desafio? Temos, mesmo sem estar no governo federal ou na máquina pública, condições de disputar, porque ele já mostrou know-how e credenciais sólidas. Ele é municipalista. Por isso, ele estava na marcha municipalista. Nós, goianos, eu e Paulo Vitor, da FGM, pedimos espaço para que ele falasse em nome dos prefeitos goianos, mostrando que muitos deles desconhecem um governo municipalista como o dele. Qual ente federativo oferece casa a custo zero? Qual paga aluguel social? Qual tem sucesso na educação, ocupando o primeiro lugar no IDEB? Qual tem hoje uma segurança tão eficiente?

Levamos ele para que pudesse mostrar para os mais de 3.200 prefeitos presentes uma forma de governar com coerência e clareza no discurso. Ele foi congressista por quatro mandatos na Câmara Federal, depois no Senado, teve a oportunidade de ir para p Executivo, e nunca saiu da linha municipalista. Votou consistentemente em matérias que favorecem os municípios e executou um mandato voltado para eles.

Estou com ele em 2026 nessa empreitada. Também apoio Daniel Vilela, porque acredito que ele tem credenciais importantes para ser o próximo governador: primeiro, é jovem e lidera a continuidade de um governo exitoso e bem aprovado; segundo, tem o maior partido da base, o MDB, que está enraizado em todos os municípios goianos. Não é um partido recente como o PL ou o PT, mas sim o partido mais antigo e conhecido em Goiás. Daniel foi deputado estadual, deputado federal. Ele sabe o que é a urna, porque também foi candidato a governador.

Minha visão é clara: sou candidato em 2030. Entendo que Hidrolândia ainda precisa de mim, e acredito que, neste momento, ser prefeito da minha cidade é mais relevante do que ser deputado

Caiado tem chances reais de chegar ao segundo turno, e Daniel pode alcançar uma vitória já no primeiro. Atualmente, cerca de 90% dos prefeitos estão ao lado dele, ao lado do governador Caiado.

Acredito que, em 2026, Dona Gracinha também será uma forte favorita ao Senado, por conta do papel social relevante que desempenha. As primeiras-damas dos municípios gostam muito dela, pois ela é bastante próxima das questões sociais. Foi responsável pela criação da maior rede de proteção social do país.

E quanto a mim, minha visão é clara: sou candidato em 2030. Entendo que a população de Hidrolândia ainda precisa de mim, e acredito que, neste momento, ser prefeito da minha cidade é mais relevante do que ser deputado estadual. Hidrolândia está em pleno crescimento, é uma cidade pujante, em constante desenvolvimento. Por isso, neste momento, não tenho projeto para deputado. Meu foco é 2030.

Ton Paulo – Candidato a deputado federal?

Não sei. Meu nome estará à disposição. Eu entendo que meu nome pode estar à disposição para deputado estadual ou federal. Isso vai depender do meu trabalho, e tenho uma gestão em que entrego um obra toda semana para Hidrolândia.

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Fonte: Jornal Opção

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